Anjo Torto
Composição: Bob Love / Jay BlacK.***Anjo Torto***
Bob Love / Jay BlacK
Brasileiro nato,
Sou um anjo torto,
Tal Torquato, sou retrato,
De um destino mal traçado,
Nordestino açoitado.
Neto do velho Gaudêncio,
dos Santos batizado em silêncio
No Sertão das Jacobinas
nasci e fui criado, entre pedras e ruínas
Mas o chão rachou de fome,
E aos vinte e poucos fui mandado
À Paulicéia, um abismo encantado.
(Refrão)
Sou raiz que ninguém rega
Canto a dor do meu sertão.
Meu fardo ninguém carrega,
Nem divide a solidão. (2x)
Metrô lotado, todo mundo tão calado,
rostos pálidos, mundo robotizado.
Sinto falta do café quente,
De conversar com minha gente,
Aqui, o silêncio é uma corrente,
Presa à toda alma vivente.
Conduzido ao matadouro, sem vela e sem choro,
Vejo o pobre no sufoco,
O rico ri do alto, lá do trono.
No fim do dia, são todos gado,
Uns berram mais, outros seguem calados.
(Refrão)
Sou raiz que ninguem rega
Canto a dor do meu sertão.
Meu fardo ninguém carrega,
Nem divide a solidão. (2x)
Metrópole apressada, tão cheia e tão vazia,
Cercada de concreto, sem alma e sem poesia.
O amor ficou para trás, em outra estação
frio não é o clima, bem mais é o coração.
Vim pra desafinar o coro,
Dos contentes que ignoram o choro.
De pretos, pobres, dos que não podem falar
Com sede de Justiça a saciar
(-Um minuto de silêncio !!!
E que seja dedicado
A todo brasileiro
Ainda marginalizado!)
(Refrão)
Sou raiz que ninguem rega
Canto a dor do meu sertão.
Meu fardo ninguém carrega,
Nem divide a solidão. (2x)