Cheque Sem Fundo
Composição: Leandro Moreira, Michel Violeiro.
Foi chegando no boteco um grã-fino bem falante
Um caboclo conhecido com jeitão simpatizante
Renome nas redondezas e conta na capital
Com tipo de homem sério: firme, forte e formal.
Sem dizer, naquele dia, que no bar tinha família e trabalhador rural.
E subindo na cadeira ele chamou a atenção
Obrigado minha gente, é hora da decisão.
“To” cansado de mentira, de tanta corrupção.
Daqui 25 dias é dia de eleição
Vamos fazer diferente, colocar gente da gente pro bem da população.
Foi uma salva de palmas e também muita euforia
“Pro” povo que era carente virou festa aquele dia
Passou a mão na algibeira e dali “rancou” cinquentão
Dizendo que era pouco mas era de coração
“Pra” galera animada tinha cerveja em rodada e espetinho com limão
Cada vez tinha mais gente, foi virando multidão
Uns gritavam: _é gente boa! Outros: _é gente do povão
“Chegou” sanfona e pandeiro, também tinha violão
Arrastaram as cadeiras e foi virando um bailão
E o candidato a prefeito pegava o povo de jeito dando circo e dando pão
Foi chegando o fim do dia ele riscou um “checão”
E falou pro botequeiro: _ é pra depois da eleição
O vendeiro pensativo pegou o cheque na mão
Disse que ia confia porque o “homi” era dos “bão”
E o sujeito candidato foi saindo apressado, levantou o “poeirão”.
Chegando o esperado dia o caboclo foi eleito
Empregou todos os parentes e “pros” amigos deu um jeito
A cidade abandonada, o povo ficou na mão
Agora quem comandava era um covil de ladrão
Essa é a realidade infelizmente no Brasil: com o cheque que ele deu até o vendeiro faliu.