Último Pedaço De Chão/Estrada Boiadeira
Composição: Leandro Moreira, Carlos Spies.ÚLTIMO PEDAÇO DE CHÃO (POEMA)
Hoje eu vou deixar o meu sertão, seu moço
Vendi meu “úrtimo” pedaço de chão pro fazendeiro do lugar
Vou dar a minha “úrtima” olhada na lavoura e na invernada
Sei que muito pouco eu vou levar
Vou juntar o pouco que me resta
jogar fora o que não presta, tristeza eu sei que vou chorar
“óia” aqui eu passei a minha infância, todo o meu tempo de criança
E eu sei que não vou mais voltar
Aqui era a fazenda seu moço
Aqui eu passei alegria e desgosto, mas não deixei nada faltar
Mas com o passar dos anos chegou o meu desengano
Que até me dá tristeza de falar
“Oóia” essas mãos calejadas aqui seu moço!
Foi no cabo de uma enxada que eu consegui tudo plantar
Hoje eles vêm lá da cidade do banco de uma faculdade pra tomar o meu lugar
Não é que sou contra a evolução, seu moço, pelo contrário
Mas a cabeça e o coração demora um pouco pra aceitar
Agora to indo morar lá na cidade muito contra a minha vontade
Pois só eu sei o que vou encontrar
Mas entrego nas mãos de Deus o futuro de todos os meus
Só ele vai saber me orientar
ESTRADA BOIADEIRA (MÚSICA)
Sinto saudade da batida da porteira
Sinto saudade do cantar do passarinho
Sinto saudade da vida sertaneja
Sinto saudade porque agora estou sozinho
Olho no espelho os meus cabelos branquearam
Sinto cansaço neste corpo boiadeiro
É o peso dos anos que passaram
Na minha vida já passou tantos janeiros
Eu fico triste quando vejo uma boiada
Um caminhão cortando o asfalto sem poeira
E nesse instante dou um pulo ao meu passado
E quando volto estou chorando de tristeza
Estrada velha, estrada boiadeira
Estrada velha cheia de poeira
Tanta saudade que você me traz
Daqueles tempos que não voltam mais