Transferência De Gado
Composição: Hamilton Hagard.A impressão de quando ouço distante,
O repique de um berrante e a boiada a caminhar.
Vem na lembrança de quando eu era menino,
E a comitiva saindo sentido a Cuiabá.
João de castro seguia léguas à frente,
Tão feliz demais contente, para todos cozinhar.
O velho bento culatra dos mais ligeiros,
Corria o tempo inteiro pra boiada não espalhar.
O boi mais velho nós chamava de coiote,
Aspa larga e muito forte, muito bom pra viandar.
Tinha no couro marcado como um brasão,
A pata de um leão pronta para atacar.
Nos vilarejos quando se viam as mocinhas,
Tão belas e sentadinhas de rostinhos avermelhados,
Todos erguiam o chapéu cordialmente,
Isso era para gente ser um peão gabaritado.
Anoitecendo o gado ficava em campanha,
O Chico e o zé castanha encarregavam de zelar.
Todos se ajeitam pelas redes e pelegos,
Espalhando seus baixeiros e no alvorecer continuar.
Nossa missão era transferência de gado,
Andando pra todo lado, a mais nobre profissão.
Eu aprendi com meu pai e os mais antigos,
Não existe boi amigo, ele não tem coração.
Muitos sabem que no estouro de boiada,
Quantas vidas já ceifadas calam o grito de peão.
Quem não se lembra das histórias mais antigas,
Muito perderam suas vidas e hoje é letra de canção.
Fica o abraço a estes velhos boiadeiros,
Pra todos os companheiros condutores de boiadas.
Os novos chegam os velhos tem que parar,
E o boiadeiro a gritar, eiá, eiá, eiá.