Amargo Silêncio
Composição: AFAL.
Amargo silêncio
AFAL
“Pô” que isso...Gravando, meu nome é Antônio um proletário independente,
gravando, meu nome é Antônio um proletário independente, “pô” que louco “véi”
Vô grava aqui.
Correria no meio do mato invadi,
fiz minha tapera no meio da invasão moro ali,
"carrim" de papelão todo dia "corre loko",
mais "num" desisto quero uma casa no morro,
domingão de manhã logo o expediente acaba,
passo lá no Zé cato logo outra cachaça,
“pá dá” uma trégua dessa luta,
e sonhar que um dia essa vida muda,
sei “comé” difícil “tô” com os pés no chão,
cabeça erguida goro é só pra aliviar a tensão,
um marginal latino guerrilheiro também,
desarmado num conflito armado pra quem?,
cheio de morte, maldade, emendas constitucionais,
que só vende esperança pra tentar manter paz,
autônomo que habita no extremo da cidade,
coração romântico tenho minhas vaidades,
em várias ocasiões me apaixonava,
sensível, sentimental sempre chorava,
quando lembrava da garota que amava,
rolando um som sentado na porta de casa.
Coração apertava o peito pulsava mais forte,
num tinha jeito dava um “bico” no garote,
muitas vezes foi vacilo porque nunca falei,
o que eu sentia remoia mais sempre guardei,
ficava pra mim depois chapava na quebrada,
lembrando do seu jeito, seu rosto isso matava,
alguns dias usava minha camisa novinha,
verde bandeira mais ela não via,
opa nesse momento passa um carro tira um fino de mim,
tremi vou atravessar pro outro lado pá dá um grau no “carrim”.
Refrão 2X
Toda vez que eu penso que tem,
outra saída que eu possa me dar bem,
“mema” rotina, “mema fita” que vem,
só espero não magoar ninguém.
Meio no grau tô beirando meu barraco,
graças a Deus tô de volta sã e salvo,
meus três cachorros já “bicô” eu chegando aqui,
recepciona isso me faz feliz,
mais vulnerável pelo álcool ingerido,
mas sou pacífico treta eu repugno,
tem uma carta que eu guardo a vários anos,
que recebi quando “tava” estudando.
Meu maior presente por isso guardo comigo,
as vezes me faz mal às vezes me mantém vivo,
quando passo por ela nos corre que eu ando,
ela não me reconhece ou tá me evitando,
barbudão de dread roupa rasgada,
quase irreconhecível de uma década passada,
um dia chapado, eu “trombo” essa “mina”,
vou dizer tudo que “tá” armazenado “da antiga”,
se minha força de trabalho convertesse em coragem,
hoje “memu” eu ia lá pra matar minha saudade,
território restrito é pobre em condomínio,
“cê” nem passa do portão talvez de lá pro distrito,
mais a noite tem feira eu sei que ela vai lá,
é a chance que eu preciso pra poder me expressar.
Refrão 2X
Toda vez que eu penso que tem,
outra saída que eu possa me dar bem,
“mema” rotina, “mema fita” que vem,
só espero não magoar ninguém.
Pouca coisa nessa vida eu consegui,
simplicidade noventa por cento em mim,
último gole ah dispenso o garote,
“tô” do jeito que eu queria sem vergonha pro “love”,
movimentação a feira tá lotada,
lá na frente eu vejo ela olhando CD pirata,
“us moleque” no boteco da “quina” se irrita,
um de verde meio alterado quer briga,
num posso perder o foco quando ela sair,
“tá” tudo ensaiado só basta ela me ouvir,
me aproximei com coisa que eu trabalho aqui,
ei moça tu quer que eu levo o “carrim”?
Nessa eu já baqueei quando ela disse sim,
coração acelerado, num é fácil,
tenho que “ligar idéia” antes dela ir pro carro,
me assustei com o estalo,
um camarada vem correndo bastante apavorado,
no meio da bagunça aqui ele dispensou,
no “carrim” dessa “mina” ela olhou e assustou,
afastou e gritou, e pediu por favor,
falei que num era meu foi o cara que jogou,
na mão direita o “carrim”, na mão esquerda o oitão,
joguei os dois no chão,
e corri “pus” galpão,
sem saída algemado aplausos o que eu fiz?
Precisavam de um culpado e dez anos disse o juiz!
“Sei de tanta gente que se cala,
que do seu amor não fala,
e termina sem, sem ninguém.”