- Sol de Nascer3.470 plays
- Não Sou Eu (200 Fotos)991 plays
- Varal557 plays
- Gigante1.854 plays
- Birra719 plays
- Duralex274 plays
- Queria382 plays
- Cúmplice2.572 plays
- Estar Sem425 plays
- Aquela (Que Não Tem Nome)475 plays
Comunidade
Comentários
Release
Mais um bate na porta.
- Está atrasado.
- Foi mal.
Três instrumentos esperam para serem tocados. Guitarra e baixo já afinados. Amplificadores ligados. Ouve-se um leve ruído do falante da guitarra. Silêncio. Deve ser algum tipo de estática. Meia dúzia de amigos curiosos esperam o ensaio começar. Uns olham pela porta. Outros sentam no chão. Vieram ver a nova vocalista da Água de Melissa, Gabi Lima. O espaço é dividido com os brinquedos de Maria Luísa, filha do baixista Cuca. Ursinho e bonecas acabaram sendo úteis para dar mais qualidade acústica ao ambiente não totalmente preparado para a música.
A banda está pronta.
- Vamos lá?
Todos concordam e Coelho toca o riff inicial de ?Sol de Nascer?. A bateria entra potente, como o marchar de um desfile militar soviético. Para. Marcha de novo. Todos juntos agora, com o baixo fazendo uma linha cíclica, mostrando um limite imaginário onde guitarra e bateria devem atuar. É porrada sonora misturada com detalhes que só quem está nos mesmos 8 metros quadrados que a banda pode perceber. Todos sentem cada deslizar de cordas, cada rangido do pedal da bateria e o baixo retumbar no peito. Gabi canta. Gabi tem personalidade. A banda está diferente. ?Parar? Qual é a direção? Por onde ir?? A Água de Melissa sabe ? está mais madura. Isso se comprova ainda mais quando entra o solo. O baixo engorda e a guitarra assume o posto principal, levando cada nota diretamente para o córtex cerebral da pequena platéia. Pulsa, retroalimenta, respira ofegante e sai vitoriosa. Não há aquela parafernalha de pedais. Coelho usa apenas a distorção do próprio cubo Fender. É o som que ele curte. A bateria de Jefferson soa muito bem, cada prato, cada hi-hat aparecem perfeitamente. E a performance passa pelas 10 músicas do novo repertório, composto pelos próprios integrantes, sozinhos ou em parcerias intrabanda.
Assistir ao ensaio não é a mesma coisa do que ouvir um disco. Por mais que se aumente o volume do headphone, que se incomode os vizinhos com som alto, nunca irá se conseguir a sensação real da música executada no local onde foi feita. Além disso, por não ter como reduzir o volume da bateria nem tocá-la com menor vigor ? o que tornaria a experiência frustrante ? os demais instrumentos precisam acompanhar sua potência. É uma experiência muito mais intensa, como também é um show. Pelo menos sempre foi assim.
Em seu terceiro trabalho (segundo CD), chamado ?Meia Verdade?, a Água de Melissa aposta que é possível transmitir essa sensação com eficiência. Todo o processo de gravação e mixagem trabalhou nesse sentido. Não foram usados vocais duplicados, teclados de base, guitarras sobrepostas, nem efeitos ? recursos naturais e de praxe na gravação de qualquer disco comercial, inclusive no ?Amar Pode Ser Doloroso?, primeiro trabalho da trupe. É a banda como ela é, sujeita a ruídos de amplificador, microfonias, conversas entre integrantes, tomadas de fôlego, pequenas imperfeições, latidos de cachorro... Mentira ? não tem latidos de cachorro. Devido a essas exigências pós-produção, a banda foi buscar na Tec Áudio, Porto Alegre, a excelência na gravação de bateria e guitarra, o que foi imprescindível para deixar o som mais vigoroso. A mixagem ficou a cargo de Rodrigo Osório (baixista e produtor musical da Doidivanas) e do próprio baixista da Água de Melissa, Cuca Moreira. A masterização foi feita por Marcos Abreu, que tem em seu portfólio trabalhos para nomes que vão de Bibi Ferreira a Nenhum de Nós, de Renato Borghetti a Tequila Baby, da OSPA a Cachorro Grande.
Não precisa bater na porta para conhecer a Água de Melissa como ela é de verdade, basta colocar seus fones, aumentar o volume para o máximo que sua vontade/saúde/audácia permitirem.
Será que você está preparado para ouvir uma boa verdade? E meia?