Pra quem amarga um mate
Composição: Álvaro Neves.SORVI MEU MATE E NEM BEM A AURORA
COMO QUEM NÃO DEMORA, VEIO SE APROCHEGAR
E A BRISA ORVALHADA, DO VERDE DO CAMPO
TRAZ PRO RANCHO, ACALANTO, COM SERENO NO AR
O RIO, LENTO E MANSO, SACIA A SEDE
DO FLETE DE ENCILHA, PASTANDO NO CHÃO
E O VENTO PAMPEIRO, ME TROUXE A GEADA
ME MOLHA OS OLHOS E ESFRIA O MEU CORAÇÃO
QUEM PODE DIZER
AONDE ESTARÁ
O AMOR QUE EU VI
E QUE NINGUEM MAIS VERÁ?
SE A PRENDA SE FOI
SÓ POSSO DIZER
QUE O RANCHO ESTÁ
AINDA SEM BEM QUERER
E O CATRE VAZIO, NÃO É DE NINGUÉM
SE NÃO DA MORENA, QUE UM DIA, QUEM SABE NÃO VEM
QUANDO A TARDE CABLOCA DE UM CINZA TÃO FUNDO
SE ENCERRA NO MUNDO, EU A SINTO CHEGAR
MONTADA NO FLETE, PLANTANDO SORRISO
COM SEU OLHAR PRECISO, TÃO TRIGUEIRO A MIRAR
A VEJO COM A CUIA MORENA DO MATE
QUE COM A AURORA, MEU PEITO ESQUENTOU
SE SORVO TÃO QUIETO, EM MANHÃS TÃO SOLITO
DEVO AO GOSTO LAVADO, DO MATE QUE HÁ MUITO AMARGOU