Romance da china bugra
Composição: Álvaro Neves.NA ANSIEDADE, DE DIZER O QUE EU SINTO
VOU FALQUEJANDO, PASSO A PASSO, A SOLIDÃO
VOU RETRATANDO, IMPASSÍVEL SENTIMENTO
QUE SE DEFLAGRA, DESDE A PRIMA, ATÉ O BORDÃO
VOU CONTORNANDO, À DESPACITO O HORIZONTE
VENDO REPONTES, COLORADOS NO OLHAR
E ESTE CALOR, RUBRO DA TARDE QUE SE ADENTRA
VEM MORMACENTO, ATÉ O RANCHO, SE DEITAR
MANO A MANO EMPARELHA O PEITO EM BRASA
E TRAZ NO LOMBO, A QUIMERA DO MEU PASSADO
FEITO CARANCHO, QUE SE ACHEGA, SEM LICENÇA
TRAZENDO O GOSTO, DE UM AMARGO, JÁ LAVADO
SINA DEIXADA, PELA CHINA CABORTEIRA
QUE TÃO MATREIRA ACEITOU, O CATRE MEU
TÃO, DE REPENTE LEVANDO, PORÉM EMBORA
A ALEGRIA, DESTE OLHAR QUE SE PERDEU
O SEBRUNO BUFA, ROÇANDO O ALAMBRADO
E A CUSCA NEGRA ROSNA, INQUIETA E DESCONFIADA
SENTIU NO PELO, A SOLIDÃO, NA ALMA DO DONO
QUE SE ARRANCHOU, NESTA MILONGA BORDONEADA
SINA MALVADA, DE QUEM MIRA, NOITE E DIA
A ESPERA LONGA, QUE BEM CERTO, UM FIM NÃO TEM
SORVENDO, O MATE, DA SAUDADE E DA ESPERA
DA CHINA BUGRA, QUE NO HORIZONTE NÃO VEM
DEIXOU NO CATRE, O CHEIRO, DO CORPO TRIGUEIRO
E O VULTO DO OLHAR, MORENO, COR DA TERRA
DEIXOU O CHEIRO DE DUAS, TRANÇAS MORENAS
E ESTA SAUDADE, QUE SE ALARGA E NÃO SE ENCERRA
QUE O MINUANO ESPALHE, UM DIA, ESTA MILONGA
LIVRE NOS CAMPOS, NEGRA, QUAL ASSOMBRAÇÃO
CONTANDO, O CAUSO, DAQUELA CHINOCA BUGRA
QUE PARA SEMPRE PEALOU MEU CORAÇÃO