Nascemos dela. Basta isto para amá-la. Madre amada. Força materna que vive em todos nós. Força da terra, de todos os seres e elementos. Cansada de sustentar o impávido colosso universalista, nacionalista, e genocida, tipicamente brasileiro. Patrão, trocamos nosso sangue pela nossa paz.

É preciso lançar a braba, a tal potência dos possíveis, pois no fim, quem vai saber? Será? Que o álcool que desbrava nossas veias nos permite ver a obviedade da impossibilidade de tão incertas relações? Ver através de um punhado de cervejas. Caminho perigoso.

E ela, esgueirando escondida, ela nos espera e nos arranca num vacilo alheio. Para o fundo desse rio de dores. Navegar nele é nossa sina. Pois escrevemos nossa vontade de vida com nossos remos, pro dia clarear. Oremos.

Ou voltemos ao ser pião. Ao tempo em que éramos crianças. Oráculo de um futuro não tão divertido, está ali: corpo inerte, esculpido em corpo transcendental. Bate e volta sem parar, atravessa qualquer lar. E, após tanto rodopiar, olha pro céu, cambaleia de mansinho. Pois espera ser pião novamente. Pelo cordão enrolado da tão amada, madre.

credits
released June 28, 2022

Gravado e mixado no estúdio Bop City, Pré Saint-Gervais, por Max Jesion.

Arthur Vinícius: Canto, composição, letra, arranjo, violão, guitarra, percussões, coro.
Edmundo (mestre) Carneiro: Percussões
Ricardo Feijão: Baixo acústico e elétrico
Claude Barthélémy: Guitarra em "Anjo Levado"
Douglas Marcolino: Sanfona
Nicolas Folmer: Trompete
Yannick Vela: Baixo
Cesar Machado: Percussões
Cecília Pacheco: Harpa
Emma Gergely: Violoncelo
Aï Nakano: Violino
Adrião Filho: Letra, voz falada em "Copo de cerveja"
Stephane Cartanto: Violão, composição, programação, arranjo, sansula, glockenspiel, requinto

Um abraço ao nosso amigo Max!
Design gráfico: Delphine Coste
Produzido por Arthur Vinícius e Stephane Cartanto
Produtor executivo: Stephane Cartanto
Imagem: Maloca dos índios Curutu. Alexandre Rodrigues Ferreira, 1783-1792. Domínio público.
Imagem do banner: Povoação de Caldas, Rio Cauborís, Alexandre Rodrigues Ferreira, 1783-1792. Domínio público.