Teatro Caótico
Composição: GD.Entro na mata pra desabafar contigo ó pai,
nas cachoeiras deixei rios e alaguei, amar
Já to cansado de me afogar nesse mar vermelho,
que me sufoca dentro e fora do teu respirar
São efeitos borboleta de finais previsíveis
Fazem que aconteça dos sonhos: os mais temidos
Rezam que apareça um salvador impulsivo a dar fim ao nocivo
Gloria e louvor ao extermínio
Jogue suas mãos para o céu,
e a cabeça abaixada seu Zé
Ta com essa malandragem toda pra que?
No final sabe quem vai se fuder?
A cada 23 minutos uma dona Ana chora
4 minutos e um Marcelo se torna réu
Achou que herdaria o céu
E o inferno é sua morada agora...
Cerrado ta morto e enterrado
(no) caixão de madeira,
é claro o que cobre e não faz culpado
some sem surtir reparo
Dos filhos dessa mãe gentil
Bastardos revoltados
No enquadro da cerca civil
Acerto dos mascarados
Pela tua arte tu sustenta o desespero?
Sabendo que te notam só se morto ou preso
DST da vida que fode no pelo
Demônios sem terra é o termo
Som de sessão descarrego!
E quem nunca teve um pesadelo
Essa noite vai sonhar com o Brasil
Onde um Exu que causa medo
Gargalha menos que o bico do fuzil
E quem nunca teve um pesadelo
Essa noite vai sonhar com o Brasil
Onde um exu que causa medo
Gargalha menos que o bico do fuzil
Mãos leves como uma pena,
menoridade sem medo do baque
vende doce e pac, bala não é tic-tac,
espinhos no diadema
Parece tudo um esquema de pirâmide
Me chamam: nômade, perguntam sobre conjugue
Onde que ta o deus em mim? Antecessor do fim
Sina de um Serafim, Querubim, compreende assim?
Recebi não, me fiz sim
Balanceei yang e yin
Se me cortares com “enfim”
Levo seus dentes pra mim
(Então)
Derrubemos barreira, subimos ladeira
Mascara, toca, viseira
Vinagre, água, vai saciar
Tua sede de mudança, esperança vive a beira
(ato)
Jogo pneu, faz barricada, visão esfumaçada
Daí porco não passa, assa, vira carne de caça
Escudo é ameaça, pro odiador da própria raça
Sempre lembre de voltar pra casa
(vista)
Mascara, molotov e óculos de proteção,
Linha de frente no foco da câmera em ação
Na contenção: proteção, globos em contemplação
Sabemos como agem quando não são vistos
Teatro da realidade, marginalidade
Aos quatro cantos da cidade
Vida cena de curta metragem
Acostumado com a passagem
Mas nunca fui pra luz
No fim, cruz de concreto em cima
Mesmo que ouse seguir sina
O que te guarda além da esquina?
(O que te aguarda além da esquina?)
Baixada, baixada...
2022, GD!
E quem nunca teve um pesadelo
Essa noite vai sonhar com o Brasil
Onde um exu que causa medo
Gargalha menos que o bico do fuzil.