Menina Do Céu

Menina Do Céu

EstiloMPB
Cidade/EstadoBelo Horizonte / MG
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Menina do céu: uma garota, quatro caras e a vontade de fazer boa música. Sem se prender a rótulos, o grupo de Belo Horizonte busca nas raízes da música brasileira a inspiração para criar a sua própria história. Com canções autorais e regravações ousadas, chega ao álbum de estréia, que consegue reunir simplicidade e sofisticação.



“Menina do céu, como a banda ainda não tem nome?” Abril de 2005 e o grupo formado pouco antes por Izabella Brant (voz), Theo Lustosa (acordeon e teclados), Tulio Lustosa (percussão), Marcello Martins (baixo) e Matheus Félix (violino e bandolim) se preparava para seu primeiro show. Mais do que a falta de um nome, o que chamou a atenção de Izabella foi justamente o modo como a pergunta foi feita. Peraí, uma garota à frente de quatro caras que tocam música brasileira? Menina do Céu. E assunto encerrado.

Assim como aconteceu com o nome, a história do quinteto de Belo Horizonte está sendo escrita de maneira simples, longe de esquemas, armações e toda a sorte de artifícios que cercam o meio fonográfico. O resultado está em seu álbum de estréia, “O dia em que o sol declarou-se para a lua”. Mas até que os cinco chegassem a ele, muita coisa aconteceu no decorrer destes dois últimos anos.

O público que freqüenta forrós conhece de cor canções como “Lilith”, “Menino Angola” (ambas de Theo Lustosa e Paulinho Motta) e “Menina do Céu” (Theo Lustosa, Paulinho Motta, Izabella Brant e Gustavo Brant). Xote e baião foram quase acidentais para o grupo. Como o embrião do Menina do Céu estava na dupla Izabella/Theo, nada mais natural que eles se aventurassem pelos caminhos de Luiz Gonzaga, já que o instrumento de Theo é o acordeon. No entanto, desde o começo eles queriam ir além, tanto que logo adicionaram baixo e violino para dar um recheio ao som.

Com a formação que gravou o disco, fizeram todo o circuito obrigatório das casas do gênero em Belo Horizonte, Sul da Bahia, Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro. Até que chegou a hora de pensar mais à frente. Afinal, sem querer renegar o forró, primeira escola do Menina do Céu, a intenção sempre foi a de tocar música brasileira.

O contato com Henrique Portugal (Skank) e Ruben di Souza, que assumiram a produção do CD, levou o grupo a se aventurar por outros caminhos. Gravado entre setembro e novembro de 2006 no estúdio Ferretti (BH), mixado no Mosh (São Paulo) e masterizado no Sterling Sound (Nova York), o CD é um retrato bem acabado do que a banda faz no palco.

Floresta” (mais uma de Theo Lustosa e Paulinho Motta), que abre o álbum, é uma prova de que o Menina do Céu faz música dançante que busca fugir dos rótulos. A marcação do acordeon é logo quebrada pela sutil flauta de Carlos Malta. “Lança Perfume”, que vem a seguir, dá uma nova cor à canção de Rita Lee e Roberto de Carvalho. A releitura do grupo para “Amor” (João Apolinário e João Ricardo), clássico dos Secos e Molhados, com percussão bem marcada, mostra que a banda pode trilhar caminhos bem distintos.

O arranjo de cordas que se ouve logo no início de “Lilith” leva a assinatura de Cristóvão Bastos. A singeleza dos versos “A face oculta da lua/Esconde o seu brilho no mar” vai de encontro com a orquestra arregimentada por Paschoal Perrota. “Dalila” é outra face da mesma moeda, que dá espaço para todos os tons da voz de Izabella Brant.

O passado lírico da cantora (antes de formar a banda, ela fez parte de vários corais, como o Ars Nova e o Coral Lírico de Minas Gerais) vem logo à tona. Izabella brinca dizendo que o Menina do Céu criou o forrópera. Sem medo de ousar, o grupo regravou “Habanera”, a ária mais popular da ópera “Carmen”, de Georges Bizet. Estranho? Espere vê-la ao vivo. É, de longe, um dos momentos de maior calor do público. Tanto que a vocalista entrega: se o show está morno, ela não pensa duas vezes em apresentá-la. Ninguém fica parado.

“Foi Deus quem fez você” (Luiz Ramalho) é o primeiro sucesso de Amelinha que o Menina do Céu recuperou. Aqui, ele ganhou um ar de canção, no momento mais intimista do álbum. Se comparada à gravação original, a explosão de “Frevo Mulher” (Zé Ramalho) ainda está presente, mas com uma interpretação menos regional e mais universal.

“Natureza das coisas” (Accioly Neto), conhecida através das vozes de Flávio José e Elba Ramalho, é uma das faixas do disco para se dançar um bom xote. “Menino Angola” mostra que não só Izabella domina os vocais. Tulio Lustosa deixa a percussão um pouco de lado para assumir o vocal principal. E, finalmente, “Menina do Céu”, canção-síntese do grupo, cujo início com levada reggae logo cai para o xote. O refrão é premonitório: “Menina do céu/Menina da terra/Menina de todo lugar”.




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