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Release Banda Zero9 Por Ricardo Schott O repertório da banda carioca Zero9 conta a história de quatro garotos que se trancaram em um estúdio com uma missão complicada, mas prazerosa: levar ao público uma visão diferente do que é pop-rock, sem que a balança penda demasiadamente para um dos dois lados. Ainda que canções pegajosas (no bom sentido) como o hit Amanhecer, O mesmo lugar e Me prender primem por guitarras pesadas e letras que, mesmo românticas, soam raivosas, é música para todo mundo cantar. E feita à base de muitas poças de suor no chão do estúdio por um curioso trio de irmãos (a família Pavani: Felipe - o mais velho e fundador - na guitarra e voz, Dênis na guitarra e vocais e Vinicius na bateria) e mais um amigo (o baixista Ailton Cruz, presente no grupo antes até da entrada de alguns dos manos mais novos), filtrados pelo super-produtor Mayrton Bahia. "A música boa é a que tem um refrão que me emociona. Peguei o estilo que eu mais gosto, que é o rock, e consegui fazer músicas que têm esse tipo de refrão, o que me deixa muito feliz", afirma Felipe, o mais velho dos três irmãos e autor de todo o repertório inicial da banda, formada na garagem paterna. À medida que os Pavanis mais novos foram se agregando ao grupo - e ainda com a chegada do amigo Ailton - o repertório foi passando a ser dividido, com ideias se cruzando e muitos bons refrãos e letras partindo das cabeças dos músicos, tendo como matrizes os indefectíveis Beatles e bandas mais recentes como Foo Fighters e Kings Of Leon. Entre guitarradas, melodias que soam como filhas do pós-grunge e letras diretas (cabendo um nada sutil urro gutural na boa Passa o tempo), não ressoa um acorde ou vírgula/ponto fora do lugar. A história do Zero9 remonta às infâncias dos três irmãos - cujo pai, músico, os apresentou ao rock e aos primeiros instrumentos. Todos começaram a tocar com ele em animadas sessões de covers dos (olha eles aí de novo!) Beatles. Vinicius, o do meio, surpreendeu a família a, num dia qualquer, sentar na bateria, que nunca havia tocado, e demonstrar uma insuspeita habilidade com o instrumento. As colegas de escola que serviam de incentivo ao grupo na adolescência hoje são mulheres que povoam o imaginário do quarteto, cujas letras quase sempre versam a respeito de relacionamentos. E, ainda que centrem fogo numa linguagem de garotada pós-20 anos, podem fazer sentido para futuros fãs de todas as idades. "Falo de amor nas letras, seja na fase boa ou ruim da minha vida", brinca Felipe, que, para acompanhar as desventuras dos personagens das letras, prefere o recado direto e reto, sempre com muito peso. "Faço sempre uma interpretação bem agulhada, para as pessoas entenderem". A banda foi progredindo, ensaiando na garagem, produzindo suas demos e passando pelo sempre penoso processo de escolha do nome - no caso, uma brincadeira com a corda de guitarra 09 e com a presença dos números 3 e 9 na vida do frontman Felipe. As tardes tirando covers de várias bandas (até Iron Maiden já rolou na garagem paterna, tocado pelos garotos, para desespero dos vizinhos) frutificaram e surtiram bom efeito nas grandes canções do Zero9, que vem disposto a meter o pé na porta e com a garra de quem largou tudo para viver para a música 24 horas por dia. Ricardo Schott é jornalista e trabalhou em veículos como Jornal do Brasil e as revistas Bizz, Zero e Rock Press. Atualmente é gerente de conteúdo da LabPopContent, colabora com a revista Billboard, com o site Laboratório Pop e faz a coluna Ondas Sonoras na revista Vizoo