Repentenamente
Composição: Ivan Zumba.RepenteNaMente
“Um povo que não ama e não preserva suas formas de expressão mais autênticas jamais será um povo livre” (Plínio Marcos)
(REFRÃO)
Repente repentino, sou assim desde menino
Não vim pra me curvar
Vou nesse Baque de cadência dissonante
E faço seu alto falante balançar
Repente repentino, é nesse ritmo que eu rimo
E não falo por falar
Sou persistente e discreto feito capim no concreto
E ninguém vai me derrubar
Eu cheguei de Repente e trago muito axé
Daqui ninguém me tira, eu não arredo um pé
Eu sigo sempre em frente haja o que houver
Cantando contra a corrente, rimando contra a maré
Tecendo o estandarte da contradição
Pra toda regra sempre há uma exceção
Enquanto o Baque pulsa no meu coração
Eu sigo batucando pela contramão
Não vim pra resgatar, porque eu não sou bombeiro
O Baque é verdadeiro, só precisa respeitar
Tem que saber chegar, trabalho não é folguedo
Cultura não é brinquedo pra quem quer só explorar
Tem que plantar para colher, regar para fortalecer
E cultivar pra ter bons frutos
Tem que fazer por merecer, e não se deixar abater
Recomeçar se perder tudo
Tem que ter mandinga pra gingar
E versatilidade pra versar
Quando a balança da injustiça pesa pro meu lado
Não fico parado sem lutar
Não adianta agir de má-fé
Que eu tô no jogo haja o que houver
E se eu colho e não vejo a colheita na minha colher
Eu vou à luta de cabeça em pé
Não reproduzo hipocrisia, eu quero autonomia
Identidade cultural se constrói, não se copia
Tem que inventar, não só imitar
Tem que tomar a linha de frente, consciente, independente
Quem só segue o referente, infelizmente
Está fadado a ficar pra trás, e eu quero muito mais
Por isso eu vou de...
(REFRÃO)
De repente, esse Repente tá na mente a girar
E Repentenamente faz você balançar
Nesse ninho de serpente a gente aprende a gingar
Minha rima tá no dente, pronta pra disparar
Vem batuqueiro, bate o bombo, faz o Baque virar
Batuqueiro faz o Baque virar
Batuqueiro bate o bombo, faz o Baque virar
Batuqueiro faz o Baque virar
Toca a caixa e o pandeiro que eu vou embolar ligeiro
Batuqueiro faz o Baque virar
Toca a caixa e o pandeiro que o Baque bate certeiro
Batuqueiro faz o Baque virar
Que o quilombola que se embola na Embolada do Embu
Sente o balanço do Baque que vem da Zona Sul
Esse verso de Repente não é de Caruaru
Mas tem Côco temperado com Castanha e Caju
Então vamos fazer quizumba que Zumbi se faz presente
Mais forte do que nunca, só quem é guerreiro sente
O chicote machuca, mas não aprisiona a mente
Eu trago axé na luta, não sou subserviente
E faço a correria, na humilde, sem receio
Comendo pelas beiradas, mas em busca do recheio
Só luto pelo meu, não invejo o que é alheio
Andando pela margem, eu observo o meio
E já comi muita poeira nessas minhas andanças
Mas faço de cada queda um passo da minha dança
Enfrento a correnteza com toda a perseverança
Mantendo sempre acesa a chama da esperança
Não trago prepotência ou autocomiseração
Sigo no sapatinho em busca de solução
Pois sei que é o amargo suor que fertiliza o progresso
E faz brotar do sofrimento um doce verso de...
(REFRÃO)
Vem do norte o Baque que bate forte
E faz você se balançar (de repente)
Dá o bote, deixa em estado de choque
E quando menos esperar (tá na mente)
Vem do norte o Baque que bate forte
E faz você se balançar (de repente)
Dá o bote, deixa em estado de choque
E quando menos esperar (tá na mente)
Repente
Na mente
Repente
Na mente
Sente o Baque de Repente
Sente de repente o Baque
Tem muito de onde veio
E isso é só amostra grátis
Repente
Na mente