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Segundo José dos Santos, no livro "Salgueiro, Cem Anos de Existência", o Morro do Salgueiro, localizado na Chácara do Trapicheiro, começou a ser povoado por volta de 1885 por ex- trabalhadores das decadentes plantações de café do Vale do Paraíba e de zonas vizinhas. Com o falecimento do Conde de Bonfim e de seu filho o Barão de Mesquita a Chácara do Trapicheiro (pertencente à Comarca de Andaraí Pequeno) foi loteada pelo Barão de Itacuruçá (genro do Barão de Mesquita) e as terras negociadas para pequenos proprietários, como o comerciante Domingos Alves Salgueiro. Por volta de 1900 o próspero proprietário já era dono do único comércio local e de uma fábrica de conservas na Rua dos Araújos. Estabelecidos no morro, segundo José dos Santos, os pioneiros habitantes e seus descendentes cultivavam folguedos populares como o jongo e o caxambu, assim como as crenças e tradições dos negros bantos da zona cafeeira (macumba e omolocô). Desta forma fundaram vários blocos e pequenas agremiações de samba como as escolas de samba Azul e Branco, Unidos do Salgueiro e Depois Eu Digo, todas filiadas à Cbes (Confederação Brasileira das Escolas de Samba), que mais tarde, em 3 de março de 1953, viriam dar início ao Acadêmicos do Salgueiro. Esse número exagerado de escolas de samba, em um mesmo local, trazia como consequência o enfraquecimento das três. Os sambistas mais esclarecidos perceberam o fato e tentaram a união. A Unidos do Salgueiro, que tinha em seu quadro Joaquim Calça Larga, não concordou, mas a Depois Eu Digo e a Azul e Branco aderiram à ideia. A escola foi fundada sem a Unidos do Salgueiro, que pouco depois desapareceu. Para escolher o nome da nova escola, foi acatada a sugestão do compositor Noel Rosa de Oliveira. Em pouco tempo, a Acadêmicos do Salgueiro se tornou uma grande escola. Com sede própria à Rua Silva Tele, 104, no bairro do Andaraí, teve como seu primeiro presidente Paulino de Oliveira e as cores (vermelho e branco), segundo Haroldo Costa, foram sugeridas por Francisco Assis Coelho (Gaúcho), no que também ficou de acordo com o livro "Escolas de Samba Em Desfile", de Hiram Araújo e Amaury Jório, embora outras versões indiquem o nome de Pedro Ceciliano (Peru) como aquele que sugeriu as referidas cores. Entre seus fundadores destacam-se também Iracy Serra (Seu Ioiô) e a esposa Dona Fia, pais de Mestre Louro, Almir Guinéto e Chiquinho (do grupo Originais do Samba). Segundo o livro "Carnaval - Seis Mil Anos de História", de Hiram Araújo, suas colocações nos grupos e seus respectivos enredos através dos anos foram: em 1954, terceiro lugar no Grupo 1, com o enredo "Uma Romaria Na Bahia"; 1955, quarto lugar no Grupo 1, com o enredo "Epopeia do Samba";1956, quarto lugar no Grupo 1, com o enredo "Brasil, Fonte das Artes";1957, quarto lugar no Grupo 1, com o enredo "Navio Negreiro"; 1958, quarto lugar no Grupo 1, com o enredo "Um Século e Meio de Progresso a Serviço do Brasil". A entrada de Nelson de Andrade, a partir do carnaval de 1958, desencadeou uma série de transformações na escola, que pouco tempo depois adotou o lema, de autoria de Andrade, "Nem melhor, nem pior, apenas uma escola diferente". Criador também da bandeira da escola, Nelson, em 1959, levou Fernando Pamplona para organizá-la. Pamplona formou a equipe composta por ele, Dirceu e Marie Louise Nery, Arlindo Rodrigues e o aderecista e desenhista Nilton de Sá. Assim começou a revolução estética que culminaria, anos mais tarde, na ênfase ao grande visual dos carnavais modernos. Sobre Nelson Andrade declarou Fernando Pamplona: "Ele foi o cara que revolucionou o carnaval. Em vez de cantar 'capa e espada' cantou o artista". Neste mesmo de 1959 a escola classificou-se em segundo lugar no Grupo 1, com o enredo "Viagens Pitorescas do Brasil - Debret". No ano de 1960 classificou-se em primeiro lugar no Grupo 1, com o enredo "Quilombo dos Palmares", criado por Fernando Pamplona. No ano seguinte, em 1961 a escola classificou-se em segundo lugar no Grupo 1, com o enredo "Vida e Obra de Aleijadinho";1962, terceiro lugar no Grupo 1, com o enredo "O Descobrimento do Brasil"; Em 1963, o carnavalesco Arlindo Rodrigues convidou Joãosinho Trinta para auxiliá-lo nos desfiles, um ex-bailarino do Teatro Municipal que acumulava também as funções de chefe de guarda-roupa, chegando a dirigir a montagem das óperas "Tosca" e "O Guarani". Sobre esse fato, relatou certa vez Joãosinho: "Comecei a perceber que o desfile era como a ópera". Neste mesmo ano de 1963 a escola classificou-se em primeiro lugar no Grupo 1, com o enredo "Chica da Silva". Criado pelo carnavaleco Arlindo Rodrigues o enredo contou na passarela, na época, a Avenida Presidente Vargas, a estória da escrava Chica da Silva, tratada como rainha em Minas Gerais, representada por Isabel Valença. Na Ala dos Importantes 12 pares dançavam minueto, coreografado or Mercedes Batista (primeira bailarina negra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro). O samba enredo fora composto por Anescarzinho do Slagueiro e Noel Rosa de Oliveira. No ano de 1964 a ecola classificou-se em segundo lugar no Grupo 1, com o enredo "Chico-Rei", enredo do carnavalesco Fernando Pamplona;1965, primeiro lugar no Grupo 1, com o enredo "História do Carnaval Carioca";1966, quinto lugar no Grupo 1, com o enredo "Os Amores Célebres do Brasil"; 1967, terceiro lugar no Grupo 1, com o enredo "História da Liberdade no Brasil"; 1968, terceiro lugar no Grupo 1, com o enredo "Dona Bêja, A Feiticeira do Araxá";1969, primeiro lugar no Grupo 1, com o enredo "Bahia de Todos os Deuses"; 1970, segundo lugar no Grupo 1, com o enredo "Praça XI - Carioca da Gema"; 1971, primeiro lugar no Grupo 1, com o enredo "Festa Para Um Rei Negro"; 1972, quinto lugar no Grupo 1, com o enredo "Mangueira - Minha Madrinha Querida"; Em 1973, Arlindo Rodrigues, seu padrinho, deixou a escola, e Joãozinho assumiu a função de carnavalesco. Neste mesmo ano a escola clasificou-se em terceiro lugar no Grupo 1, com o enredo "Eneida, Amor e Fantasia"; 1974, primeiro lugar no Grupo 1, com o enredo "Rei da França na Ilha da Assombração";1975, primeiro lugar no Grupo 1, com o enredo "O Segredo das Minas do Rei Salomão"; 1976, quinto lugar no Grupo 1, com o enredo "Valongo"; 1977, quarto lugar no Grupo 1, com o enredo "Do Cauim ao Efó, com Moça Branca, Branquinha"; 1978, sexto lugar no Grupo 1, com o enredo "Do Yorubá à Luz, a Aurora dos Deuses"; 1979, sexto lugar no Grupo 1, com o enredo "O Reino Encantado da Mãe Natureza contra o Rei do Mal"; 1980, terceiro lugar no Grupo 1, com o enredo "O Bailar dos Ventos, Relampejou, mas não Choveu"; 1981, quinto lugar no Grupo 1, com o enredo "Rio de Janeiro"; 1982, oitavo lugar no grupo 1, com o enredo "No Reino do Faz de Conta";1983, oitavo lugar no Grupo 1, com enredo "Traços e Troças"; 1984, quarto lugar no Grupo 1, com o enredo "Skindô, Skindô"; 1985, sexto lugar no Grupo 1, com o enredo "Anos Trinta, Ventos Sul-Vargas";1986, sexto lugar no Grupo 1, com o enredo "Tem Que Se Tirar da Cabeça Aquilo Que Não Se Tem No Bolso - Tributo a Fernando Pamplona";1987, quinto lugar no Grupo 1, com o enredo "E Por Que Não?"; 1988, quarto lugar no Grupo 1, com o enredo "Em Busca do Ouro";1989, quinto lugar no grupo 1, com o enredo "Templo Negro Em Tempo de Consciência Negra"; 1990, terceiro lugar no Grupo Especial, com o enredo "Sou Amigo do Rei"; 1991, segundo lugar no Grupo Especial, com o enredo "Me Amasso se Não Passo pela Rua do Ouvidor"; 1992, quarto lugar no Grupo Especial, com o enredo "O Negro Que Virou Ouro nas Terras do Salgueiro"; 1993, primeiro lugar no Grupo Especial, com o enredo "Peguei um Ita no Norte"; 1994, segundo lugar no Grupo Especial, com o enredo "O Rio De Lá Prá Cá"; 1995, quinto lugar no Grupo Especial, com o enredo "O Caso do Por Acaso"; 1996, quinto lugar no Grupo Especial, com o enredo "Anarquistas Sim, Mas Nem Todos"; 1997, sétimo lugar no Grupo Especial, com o enredo "De Poeta, Carnavalesco e Louco Todo Mundo Tem Um Pouco";1998, sétimo lugar no Grupo Especial, com o enredo "A Ilha do Boi-Bumbá: Garantido e Caprichoso";1999, quinto lugar com o enredo "Salgueiro é Sol e Sal nos 400 anos de Natal"; 2000, sexto lugar no Grupo Especial, com o enredo "Sou Rei, sou Salgueiro, meu Reinado é Brasileiro". Em 2001 desfilou com o samba-enredo "Salgueiro no Mar de Xarayés, é Pantanal, é Carnaval" de autoria de Augusto, Zé Carlos da Saara e Rocco Filho, tendo como puxador oficial da escola o intérprete Nego. No ano de 2002 a escola levou para avenida o samba-enredo "Asas de um sonho. Viajando com o Salgueiro, o orgulho de ser brasileiro..." de autoria de Leonel, Luizinho Professor, Serginho 20, Sidney Sá, Cláudinho e Nego. Neste ano a escola classificou-se em 6º lugar do Grupo Especial. Em 2003 desfilou com o samba-enredo "Salgueiro, minha paixão, minha raiz, 50 anos de glória", de autoria de Leonel, Luizinho, Professor, Serginho 20, Sidney Sá e Cláudinho. Em 2004 com o samba-enredo "A cana que aqui se planta tudo dá, até energia... Álcool, o combustível do futuro" (Leonel, Luizinho Professor, Serginho 20, Sidney Sã, Prof. Newtão e Quinho), puxado por Quinho, a escola classificou-se em 6º lugar no Grupo Especial. Em 2005 desfilou com o samba-enredo "Do fogo que ilumina a vida, Salgueiro é chama que não se apaga", de autoria de Moisés Santiago, Waltinho Honorato, Fernando Magaça, Luiz Antonio e Quinho, tendo como intérprete o também puxador Quinho, classificando-se em quinto lugar no Grupo Especial. No ano de 2006 classificou-se em 11º lugar com o samba-enredo "Microcosmos - O que os olhos não vêem, o coração sente", de autoria de Tiãozinho do Salgueiro, Abs, Leonel, Luizinho Professor, Moisés Santiago, Waltinho Honorato, Fernando Magaça, Paulo Shell e Quinho, sendo este último, puxador do samba na Sapucaí. Em 2007, no Grupo Especial, a escola classificou-se em 7º lugar com o samba-enredo "Candaces", de Dudu Botelho, Marcelo Motta, Zé Paulo e Luiz Pião. No ano de 2008 foi consagrada vice-campeã do Grupo Especial com o samba-enredo "O Rio de Janeiro continua sendo...", de Dudu Botelho, Marcelo Motta, Josemar Manfredini, João Conga e Luiz Pião, tendo como o puxador Quinho. Os carnavalescos Márcia Lavia e Renato Lage foram os autores do enredo. Neste mesmo ano faleceu Mestre Louro, um dos personagem mais emblemáticos da escola. Em sua homenagem o Acadêmicos do Salgueiro batizou a sala da bateria com o nome "Sala Mestre Louro". Em 2009 sagrou-se a campeã do Grupo Especial com o enredo "Tambor". A escola, tendo como presidente Regina Celi Fernandes Duran e Luís Otávio Novelo como diretor de carnaval, desfilou com a seguinte formação: carnavalesco: Renato Lage; mestre de bateria: Marcão; rainha de bateria: Viviane Araújo; meste-sala e porta-bandeira: Ronaldinho e Gleice Simpatia; comissão de frente: Hélio Bejane; Intérprete: Quinho; autores do samba-enredo: Moisés Santiago, Paulo Shell, Leandro Costa e Tatiana Leite. Em 2010, com Renato Lage como carnavalesco, a escola classificou-se em 5º lugar no Grupo Especial com o samba-enredo "Histórias sem fim" (Josemar Manfredine, Brasil do Quintal, Betinho do Porto e Fernando Mangaça) e Quinho como puxador oficial da escola. No ano de 2011 e escola desfilou com enredo do carnavalesco Renato Laje e samba-enredo "Salgueiro apresenta: O Rio no cinema", de Dudu Botelho, Miudinho, Anderson Benson e Luiz Pião, tendo como interpretes Quinho, Serginho do Porto e Leonardo Bessa, classificando-se em quinto lugar no carnaval carioca daquele ano. Em 2012, no carnaval carioca, classificou-se em 2º lugar com o samba-enredo "Cordel Branco e Encarnado", de Marcelo Motta, Tico do Gato, Ribeirinho, Dílson Marimba, Domingos OS e Diego Tavares. Em 2013 a escola classificou-se em 5º lugar no desfile do Grupo Especial do carnaval carioca tendo como enredo "Fama", dos carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage e da Comissão de Carnaval composta por Regina Celi, Anderson Abreu e Renato Duran, tendo como Diretor de Harmonia Jô Calça Larga; Mestre de Bateria Marcão; Rainha de Bateria Viviane Araújo; Mestre Sala Sidclei e Porta Bandeira Gleice Simpatia, em samba-enredo composto por Marcelo Motta, João Ferreira, Gê Lopes, Thiago Daniel, puxado na avenida pelo trio de intérpretes Quinho, Serginho do Porto e Leonardo Bessa. No ano de 2014 a escola classificou-se em segundo lugar, no Grupo Especial, desfilando com o samba-enredo "Gaia, a vida em nossas mãos", de Xande de Pilares, Dudu Botelho, Miudinho, Betinho de Pilares, Rodrigo Raposo e Jassa, tendo como intérpretes Quinho, Serginho do Porto e Leonardo Bessa. Destacamos também Regina Celi, Dudu Azevedo e Renato Duran (Comissão de Carnaval); Renato Lage e Márcia Lage (Carnavalescos); Jô Calça Larga (Diretor de Harmonia); Marcão (Mestre de Bateria); Viviane Araújo (Rainha de Bateria); Sidclei Santos (Mestre-Sala); Marcella Alves (Porta-Bandeira) e Hélio Bejani (Comissão de Frente). BIBLIOGRAFIA CRÍTICA: ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira - Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Edição Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006. AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Esteio Editora, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014. ARAÚJO, Hiram. Carnaval - Seis milênios de história. Rio de Janeiro: Editora Gryphus, 2000.