Eaí, eu já deixei de fazer falta pra você? Já não sou mais o primeiro a te habitar logo ao amanhecer. Já não é por mim que você fica acordada até tarde, eu sei. Já não é em minha casa que chegas fazendo alarde, disso eu também sei. Se teu telefone tocar, faz de conta que não ouviu e não me atende. Se eu insistir em te procurar, promete que vai disfarçar a voz e dizer que não está. Se já não é mais ao meu lado que queres ser apresentada, Se me perguntarem se te conheço, direi que só de vista. Se fosse sair, que trancasse a porta E me deixasse um manual que explicasse como dizer às crianças Que nem todas as pessoas que aparecem em nossas vidas, permanecem nelas. Quando você virou as costas, minha vida ficou em tons de sépia; Meu dia ganhou um filtro antigo, meio preto e branco; E meu céu perdeu um tom e meio de azul. Se não sou mais eu quem vai te buscar em casa, Se não é pra mim que você vai ligar Então, quando me perguntarem Sobre os brincos esquecidos no carro, Direi que também não sei. Se não é a minha mão que queres segurar, Não voltarei mais àquele lugar nem te ligarei Quando estiver perto da tua casa, Pra, quem sabe, uma visita Hoje, eu fui a uma loja, vi o poster da banda da sua vida, Bati uma foto pra te enviar, mas daí lembrei Que essa é uma carta de despedida. Adeus.