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Comunidade
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Comentários
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Release
HISTÓRICO COLISÃO SOCIAL
Os anos 1990 foram marcados pelo aprofundamento de mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais gerando o fenômeno conhecido como globalização. O mundo presenciou formidáveis transformações cientifico tecnológicas que modificaram o modo de produção, a economia dos paises e a vida das pessoas. Assim, nossa época é marcada pela informática invadindo todos os setores da humanidade, do super desenvolvimento de algumas nações, da sociedade de consumo e do poder de grandes empresas transnacionais que ditam suas regras para o mundo sob a proteção bélica do império americano.
O Brasil vivia neste inicio dos anos 1990, um período de euforia decorrente das primeiras eleições diretas para presidente após duas décadas de ditadura militar. Diziam que com o restabelecimento da democracia o país finalmente avançaria rumo a modernidade. Como sabemos, não foi bem assim, e a historia nos mostrou mais uma vez que as elites brasileiras pouco se importam com o bem estar de seu povo. De privatizações escandalosas, passando por corrupções de toda sorte, o Brasil se moderniza apenas para a minoria rica. Ao povo, restam os velhos problemas de sempre: violência, serviços públicos precários, desemprego, etc.
O no future cantado pelos velhos punks em 77 parece ecoar justamente nesta década em que o futuro chega. No campo cultural, a música feita pela indústria é embalada sob medida para a juventude dourada se esbaldar em raves, e clubes techno. O jornalismo cultural moderno decreta mais uma vez o fim do rock e a explosão do ‘rock alternativo’ é facilmente cooptada pela indústria.
Neste cenário, muitos jovens, principalmente aqueles que habitavam quartos sombrios em cortiços baratos e porões da cidade, ou nas apertadas e sufocantes casas amontoadas pela cinzenta periferia de SP, não se sentiam representados pela tal modernidade e por sua cultura comercial e excludente. Pois, se para a juventude da alta classe média o capitalismo era uma festa, as classes proletárias e miseráveis só conheciam a brutalidade mesquinha deste sistema. No entanto, uma parte dessa juventude buscava resistir à opressão, utilizando a cultura como ferramenta de resistência. Uma juventude desempregada, pobre, inquieta e sem futuro resolve buscar inspiração no movimento cultural punk do final dos 70 e início dos 80. Os acordes primais e nervosos da primeira geração do punk rock paulistano emanados de bandas como Restos de Nada, Inocentes, D.Z.K., além de discos seminais como Grito Suburbano e SUB, serviram de inspiração para toda uma nova movimentação punk pelos subúrbios paulistanos dos anos 90.
A banda Colisão Social surge nesta época, participa desta nova rebelião punk que procurou unir o punk rock de rua com militância política, e encontra neste modo de vida uma saída para o ambiente opressivo da periferia paulistana. Moradores de Cidade Tiradentes, região localizada nos extremos da zona leste, marcada pela ausência do poder público em áreas básicas para a população como saúde, transporte, educação, lazer e cultura. Seus membros desde sempre encararam a banda como um núcleo de resistência cultural e política a um ambiente opressor e violento.
Os primeiros ensaios desta rebelião aconteceram em garagens suburbanas numa atmosfera de entusiasmo juvenil e ardente movimentação. A garagem era, para além de local de ensaio, um espaço mágico onde garotos rudes descobriam o sentimento de camaradagem e compartilhavam experiências culturais sobre filmes, musicas, livros, amores e frustrações adolescentes, idéias revolucionarias, organização de manifestos, produção de fanzines e planejavam rolês noturnos, sempre acompanhados do bom e velho vinho.
Assim, foi neste ambiente, que foram surgindo as primeiras letras e bases, inspiradas principalmente pelo tenso modo de vida urbano de nossa época, onde o cenário é composto pelas ruas, antros e botecos da metrópole, habitada pelas camadas sociais mais pobres formada por boêmios solitários, despejados da urbe, militantes revolucionários, artistas subterrâneos, proletários de todo tipo. Tentam apesar de tudo, manter a resistência, o espírito comunitário e confraternizacionista em sua música suja e primitiva mostrando que sem a participacao política dos explorados dificilmente o sistema ruirá.
Este disco,fecha um ciclo na trajetória da banda e foi lançado após este tempo justamente por conta das inúmeras dificuldades materiais que encaramos desde o inicio da banda e deve, portanto ser ouvido como um registro histórico de coisas que na adolescência haviam necessidades de serem postas para fora, mas que mesmo algum tempo depois ainda soam atuais e verdadeiras. Sabem por que? Porque, nada mudou devido a ignorância individualista deste sistema injusto e se nada mudou, significa que o ideal iconformista do punk rock ainda esta vivo!
“Temos a arte para que a verdade não nos destrua”.
NIETZSCHE
“A arte é uma ilusão, mundo sem arte é um lugar de desespero; pois uma visão real nos levaria ao suicídio. Daí a razão definitiva de nossa gratidão a arte. O artista transfigura o mundo dota - o de beleza tornando possível de ser vivido. A arte é a bênção e a destificação da existência”. NIETZSCHE