Plantei um sítio no sertão de Piritiba Dois pés de guataíba, caju, manga e cajá Peguei na enxada como pega um catingueiro Fiz aceiro, botei fogo Vá ver como é que tá! Tem abacate, jenipapo, bananeira Milho verde, macaxeira como diz no Ceará Cebola, coentro, andu, feijão-de-corda Vinte “porco” na engorda “Inté” gado no “currá” Com muita raça fiz tudo aqui sozinho Nenhum pé de passarinho veio a terra semear Agora veja, compadre, a safadeza Começou a “marvadeza” Todo bicho vem pra cá! Num planto capim guiné pra boi abanar rabo Eu tô virado no diabo, Eu tô retado com você! Tá vendo tudo e fica aí parado Com cara de veado que viu caxinguelê! Suçuarana só fez perversidade Pardal foi pra cidade piruá minha saqué Dona raposa só vive na “mardade” Me faça a caridade: Se vire e dê no pé” Sagui trepado no pé da goiabeira Sariguê na macaxeira Tem “inté” tamanduá Minhas galinhas já não ficam mais paradas E o galo de madrugada tem medo de cantar! Composição: Raul Seixas E Wilson Aragão A música “Capim Guiné” foi composta por Raul Seixas em parceria com Wilson Aragão. Essa canção é uma narrativa que retrata a luta do homem sertanejo contra as adversidades da natureza e a invasão de seu espaço de trabalho por animais selvagens. A letra descreve o cotidiano de um agricultor que planta capim-guiné para alimentar o gado, mas enfrenta dificuldades com pragas e animais que destroem sua plantação. Raul Seixas, conhecido por suas letras poéticas e críticas sociais, aborda temas como a vida no campo, a relação com a terra e os desafios enfrentados pelos trabalhadores rurais. A música é uma reflexão sobre a persistência e a resistência diante das dificuldades da vida rural. Segundo Wilson Aragão, e letra também é um tapa com luva de pelica na face dos senhores políticos que só se elegem e/ou para o seu bem próprio usando um discurso retórico de que sempre farão o melhor para com o povo, mas que, na verdade só pensam em se dar bem, deixando o povo sempre na necessidade de quase tudo o que necessita para uma vida digna e normal como ser humano. Wilson Aragão participou com essa canção em um festival de música, e em um belo dia ao tocar pros amigos numa praça de sua cidade natal, tendo Raul Seixas a passar férias no lugar, o encontrou e logo gostando da idéia politizada de Wilson, propos terminarem a composição em parceria.