Ói, ói o trem, vem surgindo de trás das montanhas azuis, olha o trem Ói, ói o trem, vem trazendo de longe as cinzas do velho éon Ói, já é vem, fumegando, apitando Chamando os que sabem do trem Ói, é o trem, não precisa passagem Nem mesmo bagagem no trem Quem vai chorar? Quem vai sorrir? Quem vai ficar? Quem vai partir? Pois o trem está chegando, tá chegando na estação É o trem das sete horas, é o último do sertão, do sertão Ói, olhe o céu, já não é o mesmo céu que você conheceu, não é mais Vê, ói que céu, é um céu carregado e rajado, suspenso no ar Vê, é o sinal, é o sinal das trombetas Dos anjos e dos guardiões Ói, lá vem Deus Deslizando no céu entre brumas de mil megatons Ói, olhe o mal, vem de braços e abraços Com o bem num romance astral Amém Composição de Raul Seixas O Trem e a Mudança de Eras: A letra evoca a imagem de um trem que surge “de trás das montanhas azuis”, trazendo consigo “as cinzas do velho éon”. Isso sugere uma mudança de eras ou o fim de um ciclo. O trem, neste contexto, pode ser interpretado como uma alegoria para a morte ou uma transformação profunda, chamando aqueles “que sabem do trem”, ou seja, aqueles que estão cientes das mudanças iminentes na vida ou no espírito. Igualdade na Jornada: A menção de que não é necessário passagem ou bagagem reforça a ideia de que todos estão igualmente sujeitos a essa jornada, independentemente de suas posses ou status social. Incerteza Humana e Momento Final: As questões “Quem vai chorar? Quem vai sorrir? Quem vai ficar? Quem vai partir?” refletem a incerteza humana diante do desconhecido. A chegada do trem às “sete horas”, o “último do sertão”, pode simbolizar o momento final, talvez o apocalipse ou um despertar espiritual. Imagem Quase Apocalíptica: A descrição do céu e a presença de Deus “deslizando no céu entre brumas de mil megatons” trazem uma imagem quase apocalíptica, misturando elementos de destruição com a divindade. Reconciliação Final: A conclusão da música com a união do bem e do mal em “um romance astral” sugere uma reconciliação final, onde opostos se encontram em harmonia, talvez indicando a aceitação da dualidade da existência. Em resumo, “O Trem Das 7” é uma jornada poética que nos convida a refletir sobre a vida, a morte e o mistério do universo.