Tijolo, Cimento & Caos
Composição: Gehring, Santos, Zardo.O operário de um prédio perde um dedo
Sem um médico atende-lo, perde a mão
Sem a mão perde o emprego,
Sem o emprego perde o pão
Sem o pão perde a saúde
Sem saúde, a ilusão
Ferido se torna rude, devolve a agressão
E agredindo ele perde a razão
Sem razão perde a esposa, sem razão
Sem a esposa e sem razão, até os filhos vão
Nesse vão vem a bebida, a fumaça e vem o pó
Com o pó acaba a fome, mas não há satisfação
Droga e ele se consomem cada vez está mais só,
Quando seus laços se desfizeram viraram nós!
Tijolo, cimento e caos (4x)
Castelo de areia, pedra, ferro: concreto abstrato e caos!
Com um nó já instalado na garganta
Ele tenta trabalhar, mas não adianta
"Sinto muito..."
"É uma pena..."
"Sei que a coisa anda preta..."
"Compreendemos seu problema, mas não temos solução"
"Não aceita-se manetas!"
Já não é mais um cidadão, só um aleijado sem a sua mão!
Tijolo, cimento e caos (4x)
Castelo de areia, pedra, ferro: concreto abstrato e caos!
Mas pra viver tem que ter grana, e ele afana
Dá um jeito, rouba, assalta, sem respeito
Já não há mais lucidez, tudo pode, não há leis
Ele torna-se a própria insensatez
Ele rouba e sai ileso e assim rouba outra vez,
Perde o medo arrisca, abusa até ser preso
Não! não! não! (...)
Sem ser livre perdeu tudo, perde o senso, entra em crise
Já insano uma cirrose, mais um porre, embriaguez
Uma overdose e o operário morre!
De quê?!
Overdose, porre, cirrose, embriaguez, preso, livre, insano, em crise, insensatez, sem saúde ou razão, pão, não são, pó, nó, só, emprego, medo, você pode me dizer que ele morreu de muitas coisas, mas eu sei... Eu sei!
Ele morreu de medo...
Ele morreu tão cedo
Por falta de um dátilo
Tornou-se mais um dígito
Detalhe do enredo...
Ele morreu de dedo!
Tijolo, cimento e caos (4x)
Castelo de areia, pedra, ferro: concreto abstrato e caos!
Concreto abstrato: castelo de areia,
Pedra ferro e caos, e caos...