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DANIEL DEL SARTO
“Desassossego”
A inquietude de um artista em franca expansão de seu talento está espelhada em “Desassossego”, o primeiro CD do cantor, compositor, guitarrista e produtor Daniel Del Sarto. Nacionalmente famoso como ator de teatro, cinema e televisão há alguns anos, Daniel não é exatamente um ator que agora lança-se como cantor; é, na verdade, um cantor e compositor que tornou-se conhecido primeiramente como ator. Vamos à história.
Nascido na capital paulista, Daniel mudou-se para o Rio de Janeiro aos 5 anos e desde cedo descobriu a música, cantando e brincando com instrumentos improvisados. Aos 11 anos começou a estudar violão e freqüentou uma escola de música em Copacabana, estreando “na noite” já aos 16 anos – quando tocava em bares na Tijuca, em Maricá e onde mais pudesse. Ingressou numa faculdade de Comunicação e continuou tocando seu violão – agora já em praças de alimentação de shopping centers, muitas vezes com o auxílio luxuoso de programações. Tão comprometido estava com seu instrumento, que abandonou a faculdade e passou a viver de sua música, dando também aulas de violão para sobreviver.
E foi nesta época, por volta de 1994, que soube da realização de testes para um cantor e violonista para o elenco da peça “Confissões de Adolescente”, de Domingos de Oliveira. Aprovado, Daniel encantou-se com o Teatro e teve o prazer de misturar duas grandes paixões participando desta peça de sucesso nacional. Foi então estudar Teatro no CAL, onde formou-se em 2000 e de onde saiu para participar do elenco de “Cambaio”, aclamado musical de Chico Buarque, Edu Lobo e Lenine. Em decorrência destas experiências, acabou sendo convidado para fazer televisão.
A música continuou forte em sua vida, mas até 2004 Daniel Del Sarto não pensava em realizar um CD. “Cantar ao vivo era tudo e depois de ´Kubanacan’ resolvi me dedicar integralmente à música, montando uma banda para fazer apresentações semi-acústicas com violão de aço, pedaleira etc”, informa o artista. Naquela época, Daniel já contabilizava muitas composições e fazia shows com pouca guitarra – apenas violão de aço, baixo e ambiciosa percussão. “Foram dois meses de ensaio sem bateria - apenas violão, baixo e percussão - para um show que estreamos na Melt e no qual estava presente Marina Lima”. Um telefonema posterior de elogio e estímulo da cantora foi muito importante para Daniel, que na época soube também de um elogio de Caetano Veloso através do amigo em comum Alex Lerner.
O produtor Paulo Mills, que também viu seu show, convidou Daniel para registrar um CD em seu estúdio. Relutante, Daniel só concordou em gravar caso tivesse autonomia artística e se a gravação fosse um processo rápido. “Eu até tive garantia de dar a última palavra”, lembra Daniel, “...mas o Paulo revelou-se um excelente co-produtor e trabalhamos muito bem juntos. Só que o processo acabou não sendo muito rápido, embora a idéia inicial fosse de gravarmos apenas seis faixas para um CD demo”.
O cantor, como ator de sucesso, foi fazer cinema em Cancun e participar de festival em Miami. Na volta, depois de ouvir com um certo distanciamento, acabou percebendo que o som precisava de uma bateria. “Achamos o baterista e foi aí que nasceu minha banda, na qual toco todos os violões e guitarras e que hoje traz o baixista BJ e o baterista Pitito”, informa Daniel. Em seu estúdio doméstico de 16 canais, Daniel aproveitou para estudar timbres e desenvolver guitarras para as faixas de seu CD, e no estúdio de Mills serviu-se de diferentes efeitos vocais e plugins no processo de mixagem.
O disco estava pronto em 2005. Daniel pensava em prensagem independente para vender em shows, pois sua inquietude não lhe permitia satisfazer-se com uma master em CDR na estante. Uma tiragem de 1000 cópias foi providenciada e “Desassossego” acabou sendo integralmente aceito pela nova direção da Indie, que reforçou sua crença no talento do artista ao sugerir lançar um CD autoral, trazendo apenas canções novas que lançavam, não apenas o cantor e guitarrista, mas principalmente o compositor – que assina quase todas faixas, sozinho ou com seus parceiros.
Das doze faixas que compõem o álbum, Daniel é autor ou co-autor de dez. A faixa-título é uma parceria com Fábio Vennthura, enquanto que “Cambalhote (nas suas mãos)” foi realizada em dobradinha com o baixista BJ. O mais freqüente parceiro de Daniel neste CD de estréia é Paulo Gouvêa, com quem assina a primeira faixa de trabalho – “Beijo” – e também “Cada Passo” e “Super-Homem ao Avesso”, esta última uma das mais importantes do disco e que tem sua locução destacada também numa edição especial que compõe a faixa bônus de encerramento. Daniel também compõe sozinho “Prece” e “O Veto”, enquanto grava duas compostas pelo parceiro Paulo Gouvêa: “Você Quer?” e “Evaporou”. Por fim, vale ressaltar as parcerias de Daniel com Mariana Leoni e André Mafra (em “Tchau!”) e com Patrícia Polayne (em “2000 Km”).
“Desassossego” é um disco de pop rock muito bem gravado e mixado, e que explora com critério a opção low fi de arranjos que reforçam ainda mais o vigor das canções.
O CD oferece o frescor múltiplo de algumas novas facetas de um artista já conhecido: Daniel Del Sarto revela-se não só como cantor competente, mas também como compositor, guitarrista e produtor. A autonomia de seu trabalho é fruto da independência com que trabalha discretamente na música há mais de 15 anos e que agora, com a grande exposição deste primeiro lançamento, abre-lhe um horizonte de desafios.
Marcelo Fróes
Outubro, 2006