Um café, um bilhete na geladeira E os pães na sacola “Tá” escrito: “Amor, não esqueça! Troque a torneira, busque as crianças na escola” Seu chinelo no meio da sala Esqueceu, de novo, aberto o creme dental E essa casa toda empoeirada “Tá” chovendo e as roupas estão no varal Porque já faz um mês Que esse bilhete está lá E que o seu chinelo não sai do lugar No meu travesseiro, fios do seu cabelo E o reflexo do culpado eu vejo no espelho Porque já faz um mês Que esse bilhete está lá E que o seu chinelo não sai do lugar Trinta dias que esses pães estão adormecidos Se não tivesse ido Eu não “tava” trancado Num cenário congelado