Dani Turcheto

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EstiloSamba
Cidade/EstadoSão Paulo / SP
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?Eu só faço samba,? diz em alto e bom som o paulistano DANI TURCHETO. É no gênero musical que mais carrega a identidade do Brasil que o músico e compositor se ligou desde pequeno, em meio a rodas de sambistas amigos e baterias de grêmios recreativos.

Desde dois séculos atrás, quando viajou do Recôncavo Baiano para o Rio de Janeiro e dali se alastrou pelo país o samba se renova com o passar de muitos e muitos carnavais, adquirindo novas nuances e feições. O samba de DANI TURCHETO tem o sorriso da tradição e o olhar da modernidade. A bela capa de seu segundo álbum, Madeira Torta, dá os primeiros sinais dessa mestiçagem esperta. À frente da natureza transfigurada em colagem digital, DANI TURCHETO, segura seu instrumento predileto, um clássico cavaquinho. Na faixa-título, que abre o novo trabalho, a ideia de renovação fica clara. DANI pluga seu cavaquinho em um pedal de efeitos e o transforma no cavaco wah. Quando isso acontece, ele faz o elo das duas correntes de sua música. A tradição advinda de suas influências confessas ? gente como João Bosco e também a geração que viu novos caminhos para o gênero, criando estilos contagiantes, como o samba-jazz e o samba-rock ? serve de base para a reinvenção do cavaquinho de DANI TURCHETO. Nos shows do músico, sempre saem sons inusitados do instrumento, que chegam a se aproximar de experimentações de guitarras do anos 80, que DANI também aprecia. Os mesmos timbres buscados por bandas como The Smiths ou The Durutti Column se encaixam perfeitamente em seu trabalho.

Madeira Torta é uma evolução natural de Sobremesa, álbum de estréia lançado em 2009, mas que abrangia faixas criadas ao longo da carreira de DANI. O novo trabalho, porém, teve uma gestação bem mais curta e ?é o que há de mais agora?, nas palavras do próprio autor para definir o frescor das faixas. Teve, também, mais privilégios: foi produzido pelo grande amigo João Erbetta (mais conhecido como Paco Garcia quando é guitarrista do trio Los Pirata), e cinco de suas onze faixas foram gravadas na cidade de Nova York. Músicas como ?Um Samba em Cada Esquina? e ?Coração de Gato?, que saíram dessas sessões, trazem os teclados de Jon Cowherd (pianista de jazz contemporâneo que grava com a turma de novos artistas do selo Verve) e o multi-instrumentista Dennis Lichtman, no clarinete e violino, além dos arranjos para cordas. ?Nos anos 60, teve muito samba feito com teclados?, DANI fala sobre a época em que a bossa nova começava a dar sinais de desgaste e gente como César Camargo Mariano e Zimbo Trio passou a enriquecer o instrumental do gênero. Daí a razão de um Hammond B3 em faixas como ?Enchente?, ?Tempo de Voar? e ?Atol? (uma inspirada parceria de composição com Fernando Gurman). Só que ele é tocado de um jeito diferente. ?Entre o jazz e o gospel? na opinião de DANI, e traz mais um ponto de ineditismo para seu samba. O terceiro músico ?importado? é o brasileiro Mauro Refosco. O percussionista que chegou a dividir o palco em shows-surpresas com Thom Yorke, do Radiohead, e Flea, do Red Hot Chili Peppers, toca em todas as músicas de Madeira Torta com exceção de ?Amor de Lágrima?, um duo entre DANI TURCHETO e a cantora Dani Luppi acompanhado apenas por violão. Outra parceira de composição e voz é a cantora Lu Horta, na bela ?Deu Zoeira?. Tanto em faixas onde a tradição fala mais alto, tal qual ?Folia de Reis?, como quando a subversão chega junto, como na interpretação sem firulas de ?Amanhã Ninguém Sabe?, de Chico Buarque, os arranjos não deixam o samba ter a mesma cara, dando espaço para DANI TURCHETO brincar com novas sonoridades dentro do gênero. ?Você Acha que Eu Gosto??, faixa que fecha o disco, é um belo exemplo. Novamente o cavaco wah se une à banda para musicar uma história sobre os ossos desse ofício. Você acha que eu gosto? Se o samba é assim, não tem como não gostar.

José Julio do Espirito Santo
Julho de 2011

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