The Dead Leaves
Definir sons é, em geral, uma tarefa bastante complicada, tarefa que se torna ainda mais difícil quando o som a ser definido é o da banda cearense Dead Leaves. Não, a razão dessa dificuldade não é a grandiosidade e a complexidade musical da banda ou, ainda, a profundidade psicológica por trás de suas letras, até porque ela não possui essas características, o que não é, de modo algum, uma coisa ruim.
Dificuldades de descrição e rotulação de sons à parte, pode-se dizer que a Dead Leaves faz um som contagiante sem ser necessariamente pop, faz músicas pesadas sem ser punk, faz batidas dançantes sem ser indie, ou seja, produz um som que pode ser colocado em várias das chamadas categorias ou rótulos que se dão para o rock em geral, sem realmente se encaixar em um título específico.
A banda que foi formada em 2004 pelos amigos George Alexandre (vocal), João Luiz (guitarra) e Humberto Kelvin (bateria), e tem em seu vocalista e em seu guitarrista uma dinâmica dupla de criação que não pré-determina o conceito, a idéia ou o estilo de música em que vão se enquadrar, conseguindo, em um mundo no qual quase tudo já foi feito, produzir músicas que chegam aos ouvidos como algo completamente revigorante.
George e João possuem gostos musicais e pessoais bastante diversos, o que de forma alguma prejudica a banda, pelo contrário, é esta diversidade que traz um algo a mais à Dead Leaves e faz com que ela se destaque das demais bandas. Com influências que vão de Marilyn Manson e Cranberries a Pavement e Libertines, o grupo consegue fazer com que suas músicas, cantadas em inglês, soem completamente diferentes entre si, sempre surpreendendo seu fiel público em suas performances.
Com um tom que varia do debochado ao sombrio, a Dead Leaves tem em seu repertório músicas sem rebuscamento ou pedantismo, músicas simples que conseguem transmitir sentimentos e impressões, falando de tudo sem dizer quase nada, músicas que não fazem uma profunda abordagem psicológica e social da humanidade – o que quer que isso seja – mas nas quais qualquer um consegue facilmente se envolver e, de alguma forma, se encontrar, enfim, músicas que, como todas as que são de qualidade, conseguem falar de temas já abordados com uma nova visão, ou seja, falar de clichês sem se tornar um clichê.
Sem pretensões de revolucionar e abalar o mundo da música, esta é uma banda que se apresenta, como todas as bandas independentes, em qualquer lugar que abra o espaço. Seja tocando uma música pesada, uma balada, uma marchinha de carnaval ou, até mesmo, um cover da Britney Spears, a Dead Leaves não sai de uma linha que não pode ser classificada como nada mais além de simplesmente ROCK´N´ROLL– sim, isso ainda existe.