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Detrito Urbano

Detrito Urbano

EstiloHardcore
Cidade/EstadoCaxias do Sul / RS
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OuvintesGilberto André Borges e outros 15 ouvintes
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Gilberto André Borges

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O ano era 1986. A cidade, Caxias do Sul. Provinciana cidade do Rio Grande do Sul que, naquela época, contava com uma população estimada de 260.000 habitantes. O país vinha de um contexto recente de final da ditadura militar que se encerrava no ano anterior. A população ainda bradava por eleições diretas para Presidente e tentava se adaptar novamente à um regime democrático. Tentava ser mais politizada. Os problemas sociais vivenciados eram os mesmos de hoje: corrupção, poluição, desemprego, desigualdade e injustiça social, o racismo sempre velado, além de uma inflação que ultrapassava os 500% anuais, planos econômicos fracassados, que só traziam enfraquecimento financeiro... O mundo vivia, há décadas, sob a Guerra Fria promovida pelos EUA e a então URSS.

E o que sobrava para os adolescentes da época? Trabalhar nas indústrias (iniciava-se mais cedo naqueles tempos... 14, 15 anos), estudar a noite e, nos finais de semana, se encontrar para beber e ouvir música, basicamente.

No embalo do 1º Rock in Rio, de 1985, o rock era a mania nacional e brotavam muitas bandas de diversas tendências rockeiras. Uma fração mais politizada e descontente com o sistema se identificava com o movimento e as bandas punks de grandes cidades do Brasil e do mundo que vagarosamente chegavam ao conhecimento destes jovens caxienses.

E neste cenário surge, em meados de 1987, a banda Detrito Urbano, reconhecida pioneira do punk caxiense que, com canções próprias, abordava os problemas sociais acima descritos.
Hoje entendemos que o Detrito Urbano foi mais do que música, mais do que punk, representou a luta de muita gente que se identificava e queria dizer aquilo que não conseguia exprimir na individualidade: a luta por eleições diretas, o fim da ditadura militar, o fora Sarney… Expressar para a elite caxiense, uma cidade que se sentia europeia, toda a exploração, todo o silêncio velado pelo medo no período da ditadura... Enfim, o “lado B” da cidade.

A banda, com toda a dificuldade e troca de elementos, sobreviveu até julho de 1990, e nesta obra sintetiza-se o seu trabalho entre atitudes e pensamentos. Aqueles meninos de 15, 20 anos, não tinham como dimensionar o quanto suas canções e seu estilo que movimentaram a segunda metade dos 80’s serviriam como inspiração, e que até hoje ainda reverbera no underground caxiense...

Agradecimentos:aos músicos que fizeram parte da banda em algum momento: Irineo, Irineu Chicão, Paulo Ribeiro, Derlei, Zé (que sobreviveu a guerra nuclear), Adroaldo. Aos pais e vizinhos, pela paciência. Aos nossos seguidores dos Bairros Planalto, cito: Marcio Pozzer, Carlos Lisboa (Neneco), Volnei, Tcharduck, Márcio, Marquinhos, Clau, Paulo Abreu. Galera dos bairros Boa Vista, Bela Vista, La Paloma, Planalto I, Planalto II e Vila Ipiranga, em especial a galera da E.E. Melvin Jones, Anjo Negro, Grêmio Estudantil Melvin Jones, os Professores Eliane, Gladis, Justina, Maria do Carmo, Hilário e Vera, E.E. Imigrante, e Bar do Patinhas cito: Ronaldo, Wagner, Sid, Evandro, Paulinho, Elias, Rafael, Esqueleto, Luciano, Palito (in memorian). À Piff Discos (especialmente ao Bira) por levar parte considerável do nosso salário e apresentar bons discos para a juventude dos anos 1980/90. Aos punks de Novo Hamburgo (Mário, Deco, Xereta, Cesar, Darci, Benhur...) pela oportunidade dos derradeiros shows fora de Caxias. Ao Rodrigo Alagoa e ao Prof. Nicolas por “reacender a chama” do D.U. no início dos anos 2000... Ao historiador Alisson Oliveira da Costa pelo belo trabalho de buscar as raízes do movimento punk em Caxias do Sul. A galera do Projeto oqimporta (Rochele, Patrícia, Carlão) pelo mesmo motivo. Estúdio Embrio de Cascavel. Aos que, pela pane mental decorrente destas décadas eu tenha esquecido de citar, e a todos que valorizam a cena underground e que em algum momento sonharam com um Brasil melhor…

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