Vou voltar prá minha terra Pra ver o meu pé de serra Ver a ovelha que berra Amarrada no chiqueiro Beber água de barreiro Comer buchada de bode Dançar forró e pagode Nas festas dos fazendeiros Ai Minha terra! Vou ouvir meus cantadores Cantar poemas de amores Amenizar minhas dores Nas belezas do Sertão Montar no meu alazão Participar dos festejos Dos meus irmãos Sertanejos Lá da nossa região Ai minha terra! Não posso ficar distante Do açude, da vazante Do pé de capim galante Tosseira de canapú Do pé de mandacarú Do espinho e da roseira Da rosa branca que cheira Com perfume de tabu Ai minha terra! Pretendo ver meus vaqueiros Cantadores, violeiros Os boêmios seresteiros Nascidos no meu lugar Ouvir vaqueiro aboiar Com a voz melodiosa É a coisa mais gostosa Que chega a emocionar Ai minha terra! Vou ver as festas juninas As luzes de lamparinas Umbu nos pés de pastinas Muitas galinhas ciscando As penas se balançando Lá pelos oitões das casas Fazendo barrocas rasas E a poeira levantando Ai minha terra! Vou pra o meu pé de parede Vou dormir na minha rede Onde a gente mata a sede Com água de cacimbão Visitar meu chapadão Passar por onde eu passei Andar por onde eu andei Descalço, de pés no chão Ai minha terra! Não posso ficar ausente Para não ficar doente Que o meu coração sente Saudade dos carrascais Das estradas carroçais Da luta cotidiana E dos finais de semana Nos forrós e festivais Ai minha terra! Meus queridos fazendeiros Estimados boiadeiros Poetas e violeiros Com quem eu fiz amizade Por sinal de lealdade Essa distância se encerra Vou voltar prá minha terra Pra não morrer de saudade Por sinal de lealdade Essa distância se encerra Vou voltar prá minha terra Pra não morrer de saudade Ai minha terra!