Djambê

Djambê

EstiloRock
Cidade/EstadoBelo Horizonte / MG
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José

Composição: Emílio Dragão.
José acordou bem cedo, outro dia de trabalho, arrumou sua mochila rasgada pra pegar o balaio. O toró ainda caia, seu guarda-chuva furado, e José aqui é só mais um cidadão ferrado. O sol não saia, uma nuvem negra e espessa. Na construção José não entendia: não tem mais tinta em sua caneta. Ele disse quando chegasse o dilúvio, ofereceria ao barqueiro usando capuz duas pedras moldadas com a forma de sua cabeça: "aceite meu bom barqueiro, pois eu não tenho moedas, construí todos esses prédios e ainda moro na favela. A minha grande sina é tentar sobreviver, pois pra mim e pra muita gente, o que resta é morrer". Ao som de uma tela pintada à noite, com o cheiro da corrente que arrasta. E da minha janela vejo o mundo imundo, que deixa mudo e paralisa. E deixa o quase pobre pobre e o pobre podre, E deixa o nobre cada vez mais podre de rico. E deixa o rico cada vez mais podre e mais nobre, E o pobre podre e quase pobre pobre, podre. "Ele me promete um Brasil sem miséria, sem fome, sem desilusão. Ele promete a dentadura, promete a mesa sem faltar o pão. Ele promete o que a gente quiser que ele prometa, acima do bem e acima do mal. Promete acabar até com o capeta se chegar no planalto central."

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