Amor às Coisas do Sertão
Composição: Galvão / Guimarães Rocha.Um dossel de rosas vermelhas
Adornando silente azul jasmim
Debruçando-me nessa aurora singela
Recordo minha janela enfim
A infância no sertão querido
Faz congelar o tempo
O rei sol apaga gotículas de orvalho
Agridoce de meu sertão Quixeramobim
O mundo se encanta e me envolve
Numa ciranda harmoniosa sem canções
Sem apagar os rastros existentes em mim
Não quero e não devo
Dimensionar o tempo
O vento me traz fervor
Neste lugar existe canto
Beleza e alento
A lembrança do Aracati
Arrefecendo calor
Das noites de cantoria
Com o menestrel Isaías
Crianças e velhos atentos
Ao violeiro arrojado
Com suas caçadas de onças
Muitas aventuras poesias
Invenções de deixar
Qualquer pescador invejado
Na Fazenda Viração
Vejo o meu sonho embalar
Na rede na posição que mais me enreda
Um bom papo... lembranças
Uma conversa pra não enlouquecer
O homem do sertão que vive desprezado
Figura caricata por um todo venerada
Reacende em mim a certeza
Faz nossos ancestrais reviverem
O nosso sertão marcado por contrastes
Nas secas rostos marcados
Alento dos céus o inverno
Nossa gente nunca perde o encanto
Nos oferece carinho e preces
Viver religando ao Pai Eterno
Um dia no sertão é um século de louvor
As sombras das horas nos cálices
Sem juras compreender melhor
O luzir da esperança leva a entender o sol
Pela cor dispensada de forma
Fazendo da tez os olhos da carne
O rosto único de uma gente feliz
Sons e fonemas embalam
Amenizam o nosso viver
Na nossa linguagem se diz:
Termos apropriados
Marum Simão em sua magnifica obra
“Recompondo a História” de nosso Quixeramobim
Cada ser leva sua própria História
E quando o sono chega
Meu universo se acende
Na sede da felicidade plena
Durmo e ao acordar vejo a mesa posta
Já degusto as deliciosas tapiocas
Com suco de caju nossa primazia
A sede fenece e o tempo seduz
Melhor do que isso na clara manhã
Poderá haver algo melhor que isso
Se precisar eles inventam
No sertão se diz:
“Óxente!” (Oh, Gente!)