Meus Dias no Mirador
Composição: Galvão/Alber Liberato.
Das raízes mais profundas
Trago minha inspiração
Faço versos sem filosofia
Vindos lá do meu sertão.
Sou da terra nordestina
Sou a casca da aroeira
Sou da paisagem cinzenta
Sou a relva da ribeira.
Fiz paçoca de carne seca
Moqueca de peixe e pirão
Da fécula fiz tapioca
Que eu vendia no sertão.
De taipa fiz poesia
Rebocada com emoção
Da dureza fiz cantiga
Nas veredas do sertão.
Tirei couro de bode
Debulhei milho e feijão
Me esparramei feito maxixe
Na babugem do sertão.
Meus dias no Mirador
No inverno eram floridos
E mesmo no verão
Havia versos coloridos.
Cabaça d`água fria
Enxada dura na mão
Nas trilhas desse roçado
Plantei versos no sertão.
Finquei estaca de sabiá
Costurei boca de surrão
Cacimbas de poesia
Cavei muitas no sertão.
A alegria do nordestino
É quando cai naquele chão
Um pau d'água pai d'égua
Criando brejo no sertão.
Meus dias no Mirador
Afastado da cidade
Mesmo na estação seca
Chovia felicidade.
Aos meus filhos um pedido
De todo o meu coração
Se eu morrer no exílio
Me enterrem no sertão.