Domingos
Composição: Douglas Jardim Alves.Dezenove de dezembro, último suspiro
Fim da linha aqui na terra, eu não acredito
e assim ele se foi, o meu grande amigo
Descansa em paz, meu grande pai, a foto no granito
De sorriso largo no porta-retrato
Fotografado pela minha irmã eternizado
Volto ao passado revivo a minha infância
Meu pai um cara simples eu uma criança
Sua rotina na oficina sua terapia
Consertava radio, tv e o que aparecia
Era fera naquilo na solda todo dia
Seu Domingos o cliente logo aparecia
O domingão conserta meu som então
Eu não tenho um tostão pago depois meu irmão
E era assim que por vez acontecia
O fiado era fato mais nem sempre aborrecia
Um metalúrgico afastado por conta do rim
Encontrou na eletrônica um trampolim
Aos poucos se firmou sobrenome Jardim
Sua nova profissão e nessa até o fim.
Refrão
O tempo vai
Muita falta faz meu pai
Que partiu não volta mais
Lembrança boa ele me traz
A saudade é demais.
É no domingo tio Domingos lá vinha da feira
Era banana, mexerica fruteira cheia
Dona Zefa com o franguinho o cheiro incendeia
Chega primo, chega tio almoço de primeira
A garagem tá lotada minha grande família
Us homem tão no truco as tia na cozinha
Mulherada que conversa parece uma briga
Criançada na escada ali se divertia
Turma do bola vai embora panela vazia
Seu Domingos sempre alegre isso satisfazia
Sem miséria e não faltava a tal da melancia
Meu pai um homem bom isso se repetia
Vida seguia e com ela os desafios
Dias bons dias frios um derrame que surgiu
O meu velho então caiu mais aos poucos ressurgiu
A doença não impediu se curou e prosseguiu
Lá tava ele em frente sua bancada
Da janela lá do alto observava
Já não tinha na mão a mesma pegada
E não largava o oficio porque amava.
Refrão
O tempo vai
Muita falta faz meu pai
Que partiu não volta mais
Lembrança boa ele me traz
A saudade é demais.
Sua rotina todo dia era a liturgia
Religioso estudou até teologia
A leitura da Bíblia era sua energia
E assim ele seguia dia após dia
Anos se passaram e missão cumprida
Douglas, Paula, Daniela encaminhados na vida
Cada um com seus planos
Cada qual um destino
Cada filho uma história
Orgulhoso disso
Rua Santa Efigênia era seu paraíso
Buscar peça prus conserto
Isso era preciso
De Caracas a Júlio Prestes
Ia seu Domingos
Mais a história ia mudar
Coisa do destino
E no silêncio uma doença nele existia
Veio à tona muito tarde quem resistiria
Um câncer rouba o brilho
Isso eu não queria
Tratamento sofrimento
A família sentia
Dona Zefa uma guerreira sempre ao seu lado
O fardo era pesado e não foi adiado
Passa o tempo num estalo
E foi confirmado
Vá em paz meu pai
Será pra sempre amado.
Refrão
O tempo vai
Muita falta faz meu pai
Que partiu não volta mais
Lembrança boa ele me traz
A saudade é demais.