Lado oculto

por Bruno Moreira

Dizem que a música é a expressão dos sentimentos através do som. A cada ensaio da Eterna Constância, esta conceituação acadêmica parece ir ganhando sentido concreto, respaldando uma emoção que não pode ser descrita, mas que, sem dúvida, pode ser sentida e vivida. E se a música é sentimento, certamente é indescritível. Palavras e conceitos, neste sentido, são tentativas vãs de adequar. Só a ação é válida e nossa prática efetiva tem sido atualmente representada pelo ato de tocar.

Seguimos então com uma necessidade absurda de criar e aprimorar diariamente nossas canções, mas sem vontade de descrever o que estamos fazendo. Sem pretensão nenhuma de enquadrar nossa existência artística num modelo pré-fabricado. Enquadrar é limitar, e limitar é atrofiar. Não temos intenção de conceituar nosso sentimento ou nosso som. Somos justamente o que o outro quiser ver, e pra nós mesmos uma incógnita. Daí a compreensão de que o mais importante na arte é justamente a forma com que o receptor interpreta uma determinada produção. A Eterna Constância é o lado sempre oculto de uma expressão artística que só quem ouve poderá decifrar.