Preto
Composição: euBraga, Deryck Cabrera.O preto na pele arrasta a dor e o peso da nossa história
Suas mãos ainda sujas de sangue que os nossos livros ignoram
Eu quero ver todos queimando, eu vou caminhar sobres as cinzas
E tragam-me novos cadernos que eu mesmo escrevo a história não dita
Praga colonialista, traidores do velho mundo
Perdidos em alto mar e em nossas praias acharam refúgio
Em troca ganhamos espelhos, e vimos a realidade
Um mundo doente e sujo rumando ladeira a baixo
Almas choram no porão, rumo ao novo horizonte
Ao mar, corpos dos irmãos, rastro de sangue por todo Atlântico
Eu vim na contramão, buscar os sonhos afogados
Na busca por liberdade não existe destino trágico
Abençoados pelo deus que eles mesmo inventaram
Toda morte e estupro dos meus, parece que foi perdoado
Nossa carne cortada ao meio, de Berlim à todos os pactos
Agora lidem com os demônios que vocês não mataram
Eu vim atrás é de revolução
Eu quero fogo nos racistas e dinheiro na mão
Eu vim atrás, neguin, é de revolução
Eu quero fogo nos racistas e dinheiro na mão
Eles querem o futuro repetindo o passado
Mas esquecem que toda história tem um lado que não foi contado
Entre nomes de ruas e estátuas de um caô inventado
Queen Nanny e Breffu já mostravam como cuida desses arrombados
A morte é pra geral, ninguém vai sair ileso
Mas tem fila preferencial pra nós que é preto
Eu quero honrar cada irmão, honrar cada historia
De todos que um dia caíram pra que tivéssemos glória
É o preto no topo, vai subir sim, um de cada vez
A vitoria pra mim só no dia em que todos meus irmãos vencerem
Força nós temos de sobra, é que nunca fomos avisados
Nosso povo descende de Reis, mano, escravo é o caralho
Anos e anos de estrago, embalados pela elite racista
Queriam nossos nomes apagados, procura por kehl quem duvida
E se nada jogando do lado ainda sim a gente resiste
É melhor tu rever os teus papos, o nosso ainda é fogo em racista
Eu vim atrás é de revolução
Eu quero fogo nos racistas e dinheiro na mão
Eu vim atrás, neguin, é de revolução
Eu quero fogo nos racistas e dinheiro na mão
Levanta, vamos acordar que o sol não espera
A paz nunca existiu pra aqueles que vivem na guerra
Sobrevivendo ao inferno desde o dia em que ficha caiu
Nascer preto por aqui não basta, é preciso se descobrir
E quanto mais sangue eles bebem, mais sangue eles querem
A mãe com o corpo no colo, o Estado encobrindo outro verme
Coincidências demais pra achar que é só falta de sorte
100 tiros num carro suspeito, pra mim é sentença de morte
E quem mais pode nos entender? Sempre foi nós por nós
Esmola de branco no insta, é só eles querendo mais follow
Se toda revolta por trás dessas telas fossem de verdade
Nós não tava até hoje lutando, acredite, por dignidade
Dormir sem saber amanhã de quem é a vez
São eles brincando de damas e a gente jogando xadrez
Mas não importa o que será de nós, daqui não tem volta
Vou fazer do mundo mais preto, ainda que custe a minha próprio história
Eu vim atrás é de revolução
Eu quero fogo nos racistas e dinheiro na mão
Eu vim atrás, neguin, é de revolução
Eu quero fogo nos racistas e dinheiro na mão