Uma Pobre Alma
Composição: Jairo Martins.Pobre Alma
Autor: Jairo Martins
Eis que ressurge na favela uma pobre alma.
Andando de pés no chão mal vestidos me fala.
Sou fissurado na cocaína, a única coisa que me acalma.
Um dia sem não sou ninguém, eu sinto falta.
A vida é correria é só tristeza meu trauma.
Pra mais um viciado morto o sistema bate palma.
Só deus pra esse tipo pois é ele quem salva.
Esse é apenas mais um dia pra essa pobre alma.
Ai mano aqui é diferente daí, pode crê.
Entre correria e mordomia entre eu e você.
A honestidade lava a alma a miséria faz sofre.
Sua ganância me da força o pensamento de vencer.
É raiva é ódio a lagrima que escorre.
Seu coração é de pedra, o meu é mais forte.
O vento sopra a seu favor, a favela me acolhe.
A justiça se faz somente para o filho pobre.
Nascer nestas condições agente não escolhe.
Crescer pedindo esmola ou roubar para comer.
Até quando vamos suportar é difícil entender.
Não vim pra pagar pecados sou mais eu não você.
Entre tempestade e tropeços eu ainda sou feliz.
Não acredito em milagres muito menos no Roriz.
De promessas em promessas agente morre aqui.
Eu já falei no diário e continuo a repetir.
A verdade engasga, amarga você vai sentir.
Moro em uma favela onde criei uma raiz.
Tenho meu barraco e meus amigos olha ai.
Vários chegados, tretas e minhas cicatriz.
Entre botecos e sinuca o problema mora ali.
O baralho te envolve a mulher e as bebidas.
O lance é o seguinte vamos ganhar o boy e fugir.
De louco pra louco o mundo aqui é paralelo.
Se o dólar esta em alta o pano fino sobe na favela.
Encostou mais um carro o boy vem buscar a merla.
Filho de doutor que me chama de senhor que merda.
Isso aqui não é filme de longa metragem nem novela.
E a vida real pobre alma um viciado a favela.
Quem procura acha mais um corpo encontrado na viela.
Uma mãe que chora e acende uma vela.
Uma pobre alma na escuridão.
A vida é uma viagem uma ilusão.
Uma pobre alma na escuridão.
Desperdício de inteligência eu vejo no ladrão.
Com plano de fuga no túnel foge do cadeião.
Qualquer motivo é um motivo de rebelião.
Pega o carcereiro faz refém queima o coxão.
Vamos negociar chama o governador e a televisão.
Eu quero transferência o presídio esta com super lotação.
Ai doutor a cada hora vai morrer um no pavilhão.
São horas de terror e pânico dentro da detenção.
A liberdade tão sonhada do detento acaba no caixão.
A família pede justiça ao responsável uma punição.
Mais vai saber quem é e quem foi essa é a questão.
E o sofrimento prossegue mais uma pobre alma sem razão.
De cão pra cachorro você muda de assunto.
É fácil falar de formula um, eleição copa do mundo.
E o moleque na favela vai crescendo sem estudo.
Mal sabe ler e escrever e vai se destacando la no fundo.
No futebol ou na musica a fama vem por um segundo.
Logo se destaca com uma loira o vagabundo.
Se esquece das origens de onde crescemos juntos.
Um mercenário ou um pilantra eu te pergunto.
A necessidade faz o cara bom ou ruim sinto muito.
O diabo te seduz e conduz a pobre alma do imundo.
Minha verdade é uma ferida que sangra sem cura.
Não vou me vender por merda e se acabar no mundo.
Seu dinheiro não tem valor algum pra mim.
Na vida tenho certo do lado bom e do ruim.
De viciado a alcoólatra você morre sempre assim.
Se afunda na cocaína o verdadeiro trampolim.
A bebida é um pavio que acende o estopim.
Sou protegido por Deus e seus querubins.
Enquanto você cruza os braços e assiste no camarim.
Injetando fumando bebendo soda limonada e gim.
Eu dispenso suas marcas seu Jako de cetin.
Sua vagabunda não me ilude com estilo manequim.
Tudo isso é passageiro e começo meio e fim.
Na favela não tem mágico de oz. nem lâmpada de Aladim.
Mais ai pobre alma vou te conceder três pedidos.
O primeiro peça saúde se liberte desse vicio.
Segundo seja uma exemplo um orgulho para filho.
No ultimo pense bem ou esqueça tudo isso.
A vida é um caminho de pedras e espinhos.
Quem me dera mano se eu ainda fosse um menino.
Começaria tudo de novo e escolheria outro caminho.
Uma pobre alma na escuridão.
A vida é uma viagem uma ilusão.
Uma pobre alma na escuridão.