O Canto Dos Sem Agua
Composição: Osvaldo Bomfim.O Canto dos sem água
Osvaldo Bomfim
Ah muito tempo que não chove no sertão
Não se planta mais batata, arroz, milho e feijão
O sertanejo vai pra porta da morada
Com a voz quase embargada
Segura o queixo com a mão
Pedindo a Deus que as nuvens formem trovoada
Pra cair a chuvarada e nascer a plantação
Da terra seca somente brota poeira
Já murcharam a amendoeira e o pé de manacá
Da cacimba não se tira um copo d’água
Sertanejo não tem água nem no pé de gravatá
Não se vê mais o riacho que corria
Nem mandacaru se atreve a florar na sertania
Ah se os homens que ostentam autoridade
Viessem lá da cidade pra ver tanta agonia
Que homem é esse que vive tão diferente
Sertanejo será gente
Porque a discriminação?
Doutor tire a gravata um só dia
E com a sua mão macia
Tente cavar este chão
Se lhe convocam para frente de trabalho
Lhe pagam meio salário
E um pouco de ração
O sertanejo só quer ser considerado
E que seja observada
A nossa constituição
Nos gabinetes se discute se fatura
Enquanto aquela criatura
Continua como está
Pedindo aos céus pra poder mudar de vida
Pois, a solução querida
Os homens não vão lhe dar