Esta pequena obra fonográfica é uma parcela da cultura musical da minha família. Algumas dessas músicas foram ouvidas quando criança por meu pai que se vivo tivesse teria hoje oitenta e seis anos de idade. Essa musicalidade centenária foi passada de pai para filho, de tio para sobrinho, de avô para neto até chegar às gerações atuais. Me senti na obrigação de registrar essas composições feitas para a sanfona de oito baixos, principalmente como um tributo aos meus antecedentes. Em agradecimento, especialmente, ao meu pai Clemente Correia Santos, Quelezinho, que teve enorme paciência para me ensinar a tocar, e ao meu tio, Ziziu, que me passou também muita coisa.
Aos quinze anos de idade meu cunhado João de Deus me deu a minha primeira sanfona e eu passei a carregá-la como um atleta leva a tocha olímpica. Além da família alguns amigos me ajudaram a conduzir o fole. De um lado Gilmar de Véu teve enorme paciência. Foi o zabumbeiro quando comecei a tocar as primeiras notas. Vale lembrar que o zabumba era uma lata de leite em pó de dois litros com dois pedaços de couro cru ligados por um barbante. De outro lado, Agileu que, por gostar muito do estilo e desejar também a sua preservação, há muito tempo bem cobrando a gravação desse disco.
Enfim, agradeço ao meu trisavô, o Véi Gido, Exídio José dos Santos, que presenteou a minha bisavó Rita com uma sanfona de oito baixos, e a todos os meus antepassados que transmitiram essa cultura até chegar aos meus dias, É com muita satisfação e sentimento de dever cumprido que trago a público esta obra intitulada Limpa Banco.
Um grande abraço a todos.Iris Dias dos Santos Correia