Vez em quando me pego pensando, tentando entender este mundo maluco Eu de olho nesta bagaceira, vou analisar do meu jeito matuto Vejo cabras virando do avesso porque é moderno, coisa de astuto O disfarce é o corpo bombado e viver dizendo que o sistema é bruto Eu não durmo com os olhos dos outros, posso ver que no fundo do poço A vergonha está morta de susto Tanta gente se diz estudada, mas fala enrolado e nem dá pra entender A linguagem da moda é gíria, coisa que não presta é mais fácil aprender Vai passando de ano na marra, o que importa é o diploma pra depois dizer Que agora é qualificado e espera em casa a sorte bater Come e dorme se acha visita, não faz nada o podre de preguiça Vadiagem é o que saber fazer Tem marmanjo com quase dezoito, mas é de menor não assume o que faz O esperto é adolescente e vive tirando o sossego dos pais Aproveita que a lei o protege, proteção pra ele nunca é demais Se alguém fala em trabalho ele foge, alcançar o danado ninguém é capaz Muito novo para trabalhar, mas faz filho para a mãe cuidar Se diverte é quer sempre mais Criançada faz birra à toa e chora sentida pra ganhar presente Mas agora o presente é outro, boneca e carrinho estão decadentes Tem que ser celular de primeira, afinal é preciso algo que ostente Não é ela quem paga a conta, quer mais é que o resto todo se arrebente Criançada mimada demais no futuro não será capaz De enfrentar um problema de frente Era isso que eu tinha a dizer, a minha opinião deixo esclarecida Já vai longe o que era respeito e resta quase nada do amor à vida Alguém pode até me dizer, que eu sou atrasado e sou da antiga Realmente eu já estou velho, mas posso enxergar a esperança perdida Essa é a minha opinião, mundo velho não tem jeito não Virou beco escuro, sem saída.