Saudade tão dolorida hoje quis me visitar, Entrando na minha casa sem sequer me avisar, Dominou meus pensamentos, me obrigando a lembrar, Da nossa antiga casinha, da infância que tive lá.. Reprisei velhas imagens que a mente ali foi buscar, Parecia de verdade o que eu pude divisar, Era tão realidade que cheguei a acreditar, Que ali ainda estivesse, fosse sonho, que pudesse eu nunca mais acordar... Por momentos na lembrança, vi meu pai a manejar, Preparando os bois de carro, e a canga os colocar, Amarrando os fueiros pra carga não arriar, Com azeite besuntando pra ver o eixo cantar, A imagem de meu irmão, ansioso a esperar, Um sorriso escondido, que ia desabrochar, Quando papai o erguia pra na mesa o colocar, Era muita alegria, quando junto a gente ia, com ele a carrear... Também vi minha mãezinha no fogão a cozinhar, As coisas simples que tinha, e tanto sabia amar, O debulhador de milho, o moinho de fubá, As ferramentas de corte, a pedra de amolar, O torrador de café, o bule, para coar, Uma antiga escumadeira, caçarola de fritar, E outras tantas lembranças, nem sequer dá pra falar, Eu tento conter o pranto, só eu sei ainda o quanto, isto me faz engasgar... Saudade tão dolorida hoje quis me visitar, São tantas estas lembranças, nem sequer dá pra falar, Eu tento conter o pranto, só eu sei ainda o quanto, isso me faz engasgar ...