A sonoridade trazida pelo cantor e compositor Joaquim Izidro foge de rótulos e aproxima-se de uma idéia original, ousada e imagética. A música é marcada por uma intensidade poética que carrega em seu cerne a fusão de elementos tradicionais e contemporâneos. A música desse cearense, de alma Recifense, vem sendo amadurecida ao longo dos anos e chega a um nível em que é possível perceber riquezas como melodias, estruturas harmônicas, afinação, elementos poéticos que evocam romarias, reisados, infância, sons de cantadores e violeiros; imersas nos movimentos imigratórios para as grandes cidades e no caldo cultural que tudo isso representa. Esses aspectos dão ao trabalho de Izidro uma sofisticação musical, um diferencial e um potencial que pede passagem para ser mostrado.

Izidro vem divulgando o CD “O Andor e as Horas” que foi gravado com o apoio da Lei de Incentivo a Cultura da Cidade do Recife, trabalho produzido pelo músico e produtor Juliano Holanda e dirigido pelo músico e arranjador Publius. O CD “O Andor e as Horas” é marcada pela busca de um fio condutor que liga nossa essência a um itinerário que cruza lugares distantes e atravessa a alma de um povo onde a vida, traduzida em música, se faz estrada. É um som imagético, macio e ousado que traz às nossas consciências, recortes de nossos sonhos, seja no sertão ou no litoral, em todos os lugares e não-lugares a música mostra que o concreto do chão pode ser a lembrança da poesia que nos habita. A música de Joaquim Izidro é uma possibilidade de fortalecimento da palavra cantada como maneira de oferecer ao público um encontro da poesia com a canção.