No silencio da varanda
Composição: José Amilcar Ferreira e Paullo Costa.NO SILÊNCIO DA VARANDA
Noite alta, lua cheia, mil estrelas,
olhos rasos procurando a mais bonita,
queda o tempo, calma larga, mate amargo,
e na varanda um sentimento ressuscita.
Vez por outra uma cadente temporona
ilumina o manto negro do infinito,
sabe lá se não serão os olhos dela
a alumiar a solidão do peão solito.
Ainda trago o cheiro dela sob o pala
e o gosto doce do açúcar do seu beijo,
amanhã bem cedinho pego a estrada
para matar esta saudade e o desejo;
não quero mais contar as horas de agonia,
e ver meus dias sempre findando assim,
vou contemplar mais uma noite estrelada
tendo a amada cevando um mate pra mim.
Troveja forte lá no fundo do porongo
tal qual tormenta vinda do lado paisano,
já foi um mate e o outro também é meu
como são meus sinais de lida e abandono.
Quero acordar no primeiro cantar do galo,
e de a cavalo ir encontrar a morena,
sei que me espera pronta pra voltar comigo
e ter abrigo nos braços deste torena.