Quando As Lembranças Afloram
Composição: José Amilcar Ferreira e Wilson Paim.
QUANDO AS LEMBRANÇAS AFLORAM
Rasguido double
Olhar cansado, sob a quincha de um galpão
sorvo um mate, fiel parceiro deste posto,
a várzea grande se encharcou com o aguaceiro
que vira os dias sem dar trégua para o agosto.
Rompe o silêncio na copada do angico
um sabiá, que pelo canto bem me lembro,
é um assovio que nesta época anuncia
que a primavera vem montada no setembro.
Adoço os mates com as lembranças que afloram
tal qual os lindos pessegueiros no cercado,
nessa quietude é onde as lembranças moram
e se despertam nesses dias encharcados.
Atiço o fogo pra aquecer a invernia
que se faz grande rondando em volta das “casas”
solito e manso mato a sede num amargo
enquanto um costilhar derrete sobre as brasas.
O inverno bravo vem castigando a fronteira
e o espelho d’água cobre o verde dos pastos,
o gado manso recolhido na porteira
berra avisando que a umidade é ruim pros cascos.
Sobra um tempito pra ajeitar o barbicacho
que já estava remendado há mais de um ano,
pois a garoa segue guasqueando no rancho
rebenqueada com os laçaços do minuano.