Se a Minha Gaita Falasse
Composição: Júlio Cézar Leonardi.“Essa é para os gaiteiros de todos os rincões... ah, se a minha gaita falasse!”
Se a minha gaita falasse, tinha muito pra contar, de tanto me acompanhar nas andanças, por aí,
se pudesse conversar, diria que eu sou feliz; Deus me deu tudo o que eu quis e bem mais do que eu pedi;
relataria meus tombos no palco e também na vida; contaria, entristecida, que ela já me viu sofrer;
me viu chorar de emoção, de tristeza e de saudade, mas foi de felicidade que eu já chorei pra valer.
Se a minha gaita falasse, só falaria a verdade; sem orgulho, nem vaidade, sem jamais sair do tom;
se a minha gaita falasse, falaria em rima e verso, pra explicar ao universo a beleza de seu som.
Se a minha gaita falasse, descreveria paisagens que viu em tantas viagens, por onde me acompanhou,
contaria das festanças com parceiros nos bolichos, e até mesmo alguns cambichos que o tempo apagou;
se ela falasse, contava dos salões bem apertados, dos fandangos animados, que tocamos abraçados;
das risadas com amigos, alguns deles já saudosos, e até de artistas famosos, que florearam seu teclado.
Se a minha gaita falasse, só falaria a verdade; sem orgulho, nem vaidade, sem jamais sair do tom;
se a minha gaita falasse, falaria em rima e verso, pra explicar ao universo a beleza de seu som.
“E quantas amizades conquistamos juntos, eu e a minha gaita! Não é, meu grande amigo Geralci Ampolini?”
Se a minha gaita falasse, revelaria, acanhada, que ela já foi cobiçada, por causa de sua beleza;
fez tanta gente dançar, fez também se emocionar, fez alguém acreditar que eram minhas, suas proezas;
se ela pudesse falar, falaria, sobre mim, que eu nem toco tanto assim e mal sei cantar direito,
mas, dou vaza ao sentimento nos acordes da canção, desnudando a emoção que eu carrego no meu peito.
Se a minha gaita falasse, só falaria a verdade; sem orgulho, nem vaidade, sem jamais sair do tom;
se a minha gaita falasse, falaria em rima e verso, pra explicar ao universo a beleza de seu som.
“Na verdade, ela fala... mas é só eu que entendo, companheiro!”