Sopro (Ao Vivo No 22 Canto Da Primavera)
Composição: KalangoDuo.Pera aí, que eu vou te contar o que poeta me falou e cê não vai acreditar...
Não vai acreditar o que os olhos não conseguem enxergar
O que as pontas desses dedos não conseguem alcançar
A vida é um acaso, um caos, indiferente...
Todo dia nasce gente, todo dia morre gente...
Nos apegamos, fantasiamos tragédias...
Pela ilusão de estarmos no controle das rédeas...
Acordo, visto a máscara e parto pra luta...
Vivendo em conflito, uma eterna labuta...
A sensação de estar fazendo tudo de errado...
Gastando vida a toa, a cada dia acabado...
Um terço da vida passo dormindo, deitado...
Outro terço ajudando o patrão trocar de carro...
Sentindo a alma gritando, sofrendo...
Sorrindo por fora e chorando por dentro...
Surpresa, estamos todos mortos...
Olho daqui não vejo vida, somente corpos...
Se arrastando entre o concreto e o asfalto...
Manipulados, bitolados, anestesiados…
Pensando num futuro que nem sei se vai chegar...
Gasto o meu presente sem sair do lugar…
Girando, patinando, tentando me iludir…
Deixo tudo pra amanhã, pq hoje não dá...
Nos ensinaram a querer antes de crescer...
E com isso acabamos esquecendo de viver…
Focado nos bens, quero ser, quero ter
Status, fama, lucro e prazer
Superficialidade transborda em almas rasas
Dilúvio de ideias que não servem pra nada
Encho a casa de coisas de que não preciso
Encho a mente de ódio das coisas que assisto
Sorrisos amarelos escondendo tristezas
Almas vazias e copos cheios sobre as mesas
Dia após dia me mato pra não morrer...
Deixando de viver pra conseguir sobreviver…
Somos a dúvida constante da existência, todo dia é um novo fim.
Somos traduções mal feitas de nós mesmos, enfim...
Não compreendemos o que somos.
Não achamos a saída…
Somos instantes na estante da vida
Felicidade, tristeza, satisfação
Ideologia do pecado o conforto do perdão
Consumindo o podre, desprezado pelos próprios
Fantasiando o futuro e existindo no passado
Deixando de viver o presente pra erguer o castelo errado
Pera aí, que eu vou te contar o que poeta me falou e cê não vai acreditar...
Não vai acreditar no que os olhos não conseguem enxergar
O que as pontas dos meus dedos não conseguem alcançar