Estância Da Corunília
Composição: Magno Charrua.Estância da Corunília
Querência e infância! Dois galardões de saudade!
Reminiscência que invade, lembranças do que vivi;
Do rancho que um dia ergui ''nu'a'' sombra de corunília,
Onde amansei a tropilha que em versos hoje escrevi...
Na infância fui ginete, domei potro endiabrado;
Zaino, baio, algum tostado; o pêlo eu não escolhia,
No galpão é que eu fazia um por vez cada potrilho;
Eram sabugos de milho os baguais do meu passado!
Num ranchito de argila coberto de macegão
Fazia o fogo de chão para esquentar a minha marca,
Um ''C', de cuera monarca, cusquilhoso e caborteiro,
Caçapavano e campeiro, com tino de bom peão.
O palanque era entalhado num toquinho de faxina;
O laço de trança fina de imbira bem sovada
Que em quatro dedos de armada em direção ao pescoço
Terminava com o alvoroço e já vinha arrancando crina.
Marcado e manso debaixo com jeito eu botava o freio;
Solito e sem rodeio pulava firme no lombo;
De vez em quando... Um tombo! Pois ”-Aprende quem vai pros ares!''
Já dizia o Adão Soares da costa do Passo Feio.
Se corcoveasse parado cortava a roseta ''embaxo
E se o corcove era de cacho, destes de embrulhar o bucho!
Eu até me dava o luxo de ajeitar o chapéu
E ''co'mango'' cortando o céu apertava o barbicacho.
O mango? Ah... o mango era flor de Bueno,
Feitio d'um velho guasqueiro,
Argolinha de chaveiro e cola de lagartixa
Que num grito de ''Não te imbicha que agora te mostro o rumo...'',
Fez trotar com jeito e prumo muito potro caborteiro.
Nesta estância de três braças, debaixo de uma corunília,
Fui domando minha tropilha com fama de bom ginete;
Nenhum pingo com cacoete nem assustado ou babão;
E, com garras de redomão, segui dobrando flexilha;
Hoje longe do meu pago, da mãe pátria sentinela,
Com a sina de abrir cancela e orgulho de domador
Não peço amadrinhador pelos lançantes da vida,