Ciclo De Perifa
Composição: Marcelino Rap.Tão vamo, tão vamo, ideia pra trincar pesado tamo de novo!
Que o beat já começou e pelas ondas do toque vou começar me expressar!
Nego é difícil!
Eu morar longe da escola, cuidar de vários irmãos pra minha mãe ir trabalhar!
E a rua vem!
Contando todos os segredos, mostrando a diversão, eu vou me ludibriar!
E agora é tarde!
Quando vi tava envolvido, andando na contramão, não tem mais como voltar!
Nem vem de papo!
Falando de igualdade e querendo dar sermão, eu não vou nem escutar!
Você não viu!
Cê tomava o seu Danone, enquanto muitos com fome, tinham que ir estudar!
Você ouviu e você viu!
Também sentiu, mas cê fingiu!
Sabe porquê?
É que pra você, mais favorável fingir não ver!
A vida bate, a rua abraça, trocou a escola pra ir pra praça!
Então reflita, para e pensa, e tenta criar um pouco de consciência.
Vou te contar mais uma história parecida com a minha.
Que ocorre sempre todo dia e em toda esquina.
O pequeno morador pra estudar descia a ladeira.
Pensando em sair pros frevos toda sexta feira.
Pensado em colocar comida na geladeira.
Pobre, da pele escura e filho de mãe solteira.
Até os 14 anos sonhava em encontrar a paz
Até os 19 sonhava em encontrar o pai
Até os 23 sonhava em ganhar um salário
Até os 25 não viu comida no armário.
Mas a situação ainda pode piorar.
Pra colocar comida foi trampar e não estudar.
Sem pai, cedo teve que homem virar.
Além de irmãos, tem um filho pra cuidar.
Pra ele não fazia sentido o sinal da cruz
Mas contava com a proteção de Jesus
Pois quem se encontra sem saída
O crime sempre seduz
Infelizmente as coisas iriam mudar
Não valia a pena mais chorar
Largou o microfone, só dólar a todo custo
Não tinha mais nome, agora é só o vulgo
Não tinha mais os sorrisinho
Não tinha mais paz na quebrada
Agora só segurava o radinho
Agora só segurava quadrada
Mais o mundo do crime era bom
Melhor momento da sua vida
Chegava com marca de batom
No celular altos contato de menina
Em casa as crianças faziam a feira
O filho sempre andava trajado no bonde
Vivia lotada a geladeira
E o pivete portando Setemares e Billabong
Nos baile era outra criatura
Sempre conhecido na praça
Sempre cheirando as brite da pura
E achava cheirosa a fumaça
Era herói das criancinhas
Sempre ensinando na atitude
Quem gostava de esporte, pagava escolinha
Pros Mc da quebrada, pagava estúdio
Só que infelizmente se perdeu na função
E de repente caiu numa situação
Na rua tem uns andam com o sorriso no rosto
E inveja no coração
O mano andava armado
Com um oitão e uma pistola entupida
E para ele armaram,
Foi uma tremenda casinha.
Ele saiu de casa e falou com o seu filho
Pra ele ser forte e priorizar a família
Parece que ele já pressentia
O que o estava por vim.
Saiu e acendeu o seu cigarro.
Prendeu bem, se pá, o ultimo trago.
Quando do nada ele olha pra traz.
E ver uma moto com um rapaz.
Sacando e se opondo.
Acabando com a guerra por aquele ponto
Foram três tiros na retaguarda
Ele só sentia sede e dor.
A blusa do filho da banhada de lágrima
Esse era o triste fim do morador.
Tão vamo lá!
Que o beat já tá acabando, mas enquanto eu tiver vivo não vou parar de cantar!
Nego é difícil, e só está começando, somos guerreiros valentes e vamos sempre lutar!
Vamo pra rua, expor o que vivemos, mostrar o que passamos, isso vai ter que mudar!
Ainda dá tempo, se há vida há esperança e se tem sopro tem vida, a minha voz vai falar!
Abre os ouvidos, eu vivo o que eu canto, ou tu sai dessa tua bolha, ou eu vou ter que estourar!
E agora veja, enquanto poucos tem muito, muitos tem pouco, vai dizer que isso não é um desgosto?
Você ouviu e você viu!
Também sentiu, mas cê fingiu!
Sabe porquê?
É pra você, mais favorável fingir não ver!
A vida bate, a rua abraça, trocou a escola pra ir pra praça!
Então reflita, para e pensa, e tenta criar um pouco de consciência.