Meninas Da Savassi
Composição: Matheus Brant.Essas meninas da Savassi
Em cada esquina da Savassi
A tarde cai na face lisa da cidade
A lata azul imensa cobra escorrendo pelas ruas da cidade
O gosto cru do cão que late a mão que pede alguém me mate
A voz é cega e segue sendo sem disfarce
Quais são as ruas da Savassi?
Quem são as meninas da Savassi?
"Até o chão", "Na sala", promiscuidade
Repara as balas, tamanha variedade
Receba às claras sem pudor a sua parte
Invade os olhos de quem quer o seu resgate
Em cada ponto de vista a mira aponta um pranto
Em qual retina é que o sangue se esfria?
A vida ria mais cocaína
Savassi, a filha da puta via um céu azul, um outro corpo nú
Um outro corpo
Um outro porco
Um outro soco no estômago ninguém
Ninguém aguenta mais passar o resto do dia parado, suado
Dentro da porra de um ônibus lotado, engarrafado
Ninguém aguenta, ninguém aguenta mais trabalhar o dia inteiro todo dia
Pra ter o que? Pra ter pra que? Pra ter com que?
Pra quê?
Não sei o meu futuro, eu sei o meu escuro horizonte belo longe sonho
quase sonho,sempre sonho o mesmo sonho
Acordo cansado ao som do tiro que é certo
O medo é certo
E o certo não é mesmo reto
É quase sempre luxo
Como este verso frouxo
Rouco, manco, santo suicida
Correndo como criança louca atrás de uma bala perdida
Perdida toda a lucidez: a luz que falta
Nos olhos de quem vê com grande espanto
Cínico espanto:
As vitrines da Savassi se partirem num silêncio frio
E então no vazio dos olhos de vidro das bonecas lindas refletirem
Outras meninas pobres, podres, feias
Filhas de um outro horizonte de onde vem, pra onde vão
Ônibus verdes anunciam
Outros nomes
Kátia,Letícia, Juliana, Isabel
Jaqueline, Suzana
Goretti, Betânia
Outras meninas
Outros lugares
Outras meninas
A mesma Savassi
Quem sabe?