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Maurício Gringo

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Cidade/EstadoAnanindeua / PA
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Angústia materna - João de Deus

Composição: Maurício Gringo.
Angústia materna - João de Deus (Espírito) “Ó Lua branca, suave e triste, - A Mãe pedia, fitando o céu – Dize-me, Lua, se acaso viste Nos firmamentos o filho meu. A Morte ingrata, fria e impiedosa, Deixou vazio meu doce lar, Deixou minhalma triste e chorosa, Roubou-me o sonho – deu-me o penar. Se tu soubesses, Lua serena, Como era grácil, que encantador Meu anjo belo como a açucena, Cheio de vida, cheio de amor!...” Disse-lhe a Lua – “Eu sei do encanto, Dum filho amado que a gente tem; E das ausências conheço o pranto, Oh! se o conheço, conheço-o bem!... – “Então, responde-me sem demora, Continuava, sempre a chorar: Em qual estrela cheia de aurora Foi o meu anjo se agasalhar?.. .“ – “Mas não o avistas – responde-lhe ela – Naquela estrela que tremeluz? Abre teus olhos... É bem aquela Que anda cantando no céu de luz.” E a Mãe aflita, martirizada, Fitou a estrela que lhe sorriu, Sentiu-lhe os raios, extasiada, E dos seus cantos, feliz, ouviu: – “Ilha pacífica, da esperança, Sou eu no mar do éter infindo; Do sofrimento mato a lembrança E abro o futuro, ditoso e lindo. Do Senhor tenho doce trabalho, Missão que é toda só de alegrias: Flores reparto cheias de orvalho, Flores que afastam as agonias.” – “Se tu me odeias, se me detestas, Contudo eu te amo e pergunto: quem Não tem saudades das minhas festas? O teu anjinho teve-as também. Em mim a noite não tem guarida, Aqui terminam os dissabores; Aqui em tudo floresce a vida, Vida risonha, cheia de flores!...” A mãe saudosa, banhada em pranto, Notou de logo seu filho lindo, Todo vestido dum brilho santo, Num belo raio de luz, sorrindo... Disse-lhe o filho – “Tive deveras Muita saudade, mãezinha amada, Senti a falta das primaveras, Senti a falta desta alvorada!... Não resisti... Tanta era a saudade! Voltei do exílio, fugi da dor, Aqui é tudo felicidade, Paz e ventura, carícia e amor! Ó mãe, perdoa, se mais não pude Ficar contigo na escuridão, A Terra amarga, tristonha e rude, Envenenava meu coração. Aqui, na estrela, também há fontes, Jardins e luzes e fantasias, Sóis rebrilhando nos horizontes, Sonhos, castelos e melodias. Daqui te vejo, daqui eu velo Pelo sossego dos dias teus; Faço-te um ninho ditoso e belo, Muito pertinho do amor de Deus!...“ Aí os olhos da desditosa Nada mais viram do Eterno Lar. Viu-se mais calma, menos saudosa, E, estranhamente, pôs-se a chorar...

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