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Maurício Gringo

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Cidade/EstadoAnanindeua / PA
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Depois da morte - Antero de Quental

Composição: Maurício Gringo.
Depois da morte - Antero de Quental (Espírito) 1 Apenas dor no mundo inteiro eu via, E tanto a vi, amarga e inconsolável, Que num véu de tristeza impenetrável Multiplicava as dores que eu sofria. Se vislumbrava o riso da alegria Fora dessa amargura inalterável Esse prazer só era decifrável Sob a ilusão da eterna fantasia. Ao meu olhar de triste e de descrente, Olhar de pensador amargurado, Só existia a dor, ela somente. O gozo era a mentira dum momento, Os prazeres, o engano imaginado Para aumentar a mágoa e o sofrimento. 2 Misantropo da ciência enganadora, Trazia em mim o anseio irresistível De conhecer o Deus indefinível, Que era na dor, visão consoladora. Não o via e, no entanto, em toda hora, Nesse anelo cruciante e intraduzível, Podia ver, sentindo o Incognoscível E a sua onisciência criadora. Mas a insídia do orgulho e da descrença Guiava-me a existência desolada, Recamada de dor profunda e intensa; Pela voz da vaidade, então, eu cria Achar na morte a escuridão do Nada, Nas vastidões da terra úmida e fria. 3 Depois de extravagâncias de teoria, No seio dessa ciência tão volúvel, Sobre o problema trágico, insolúvel, De ver o Deus de Amor, de quem descria, Morri, reconhecendo, todavia, Que a morte era um enigma solúvel, Ela era o laço eterno e indissolúvel, Que liga o Céu à Terra tão sombria! E por estas regiões onde eu julgava Habitar a inconsciência e a mesma treva Que tanta vez os olhos me cegava, Vim, gemendo, encontrar as luzes puras Da verdade brilhante, que se eleva, Iluminando todas as alturas.

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