Gratidão a Leopoldina - Augusto dos Anjos
Composição: Maurício Gringo.Gratidão a Leopoldina - Augusto dos Anjos (Espírito)
Sem o vulcão de dor de hórridas lavas,
Beija, Augusto, este solo generoso,
Que te guardou no seio carinhoso
O escafandro das células escravas.
Aqui, buscaste o campo de repouso,
Depois das vagas ríspidas e bravas
No mundo áspero e vão, que detestavas,
E onde sorveste o cálice amargoso.
Volta, Augusto, do pó que envolve as tumbas,
Proclama a vida além das catacumbas,
Nas maravilhas de seus resplendores.
Ajoelha-te e lembra o último abrigo,
Esquece o travo do tormento antigo
E oscula a destra de teus benfeitores.
*Poesia recebida em 18 de junho de 1940, em Leopoldina, onde foi
sepultado o poeta.