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Maurício Gringo

Maurício Gringo

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Cidade/EstadoAnanindeua / PA
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Romaria - Guerra Junqueiro

Composição: Maurício Gringo.
Romaria - Guerra Junqueiro (Espírito) (Passeio matinal) (Fim da poesia inserta em Poesias Dispersas.) Não sabeis, não sabeis, filhas que adoro tanto, Calcular a extensão de tantas amarguras, Existências em flor, fustigadas de pranto, Lírios no lamaçal das grandes desventuras... Almas na escuridão da noite sem aurora, Corpos de podridão, urnas de lama e pus, Anjos açucenais que a miséria devora, Pobrezitos sem pão, esquálidos e nus. No entanto, há aroma e luz na beira dos caminhos, Cantos de rouxinóis, árvores, fruto e flor, Harmonias sutis, que se evolam dos ninhos Dourados pelo sol dalvorada do amor! Mocidade no abril resplandecente e loiro De noivado e canção das almas virginais; Entoando a sorrir mil ditirambos de oiro, Como as aves gracis em vôos nos trigais. A alegria taful das manhãs harmoniosas Em que maio desfolha os cravos e os jasmins, Espargindo dos céus as glicínias formosas, Na esmeraldina cor do colo dos jardins! E Deus que fez o Sol e a candura das crianças, Fez também o soluço e a lágrima dorida, E se fez a bondade envolta de esperanças, Criou a dor clareando a escuridão da vida. Há risos e esplendor e há prantos, filhas minhas, Porque o pranto é que lava as manchas e os negrumes De almas torvas e vis, misérrimas, mesquinhas, Transformando-as em luz e em vasos de perfumes!... A lágrima da dor é estrela que transluz, Um coração que sofre é chama que se eleva Da túrbida hediondez dos pantanais da treva, Às regiões da glória intérmina da luz. O amor que fraterniza, o amor que dá saúde, Que irmana a fera e a rosa, as aves e os chacais, Que faz da Caridade a flama da Virtude, Que sublime conduz aos planos celestiais. Filhas que Deus me deu, vinde alegres, comigo, Vinde comigo ver a dor dos desgraçados Que chorando se vão, sem pátria e sem abrigo, Cheios de sânie e pus, com os corpos cancerados. Aproveitemos, pois, esta hora calma e mansa, Em que há músicas no ar e olores nas estradas, Hora em que a Terra acorda em haustos de esperança, Ébria de aroma e luz das flores orvalhadas. Saúdam o alvorecer as vozes das ovelhas, Perpassam colibris, chilreia a passarada, Zumbem sofregamente as trêfegas abelhas, Compondo o hino de sol de esplêndida alvorada! Partamos nós, também, por este mundo afora, Nutrindo o coração na fonte da esperança, Dando consolo à dor, à treva a luz da aurora, A paz à guerra e à luta os lírios da bonança. Conduzamos conosco a luz da Caridade, Oferecendo o Bem aos pobres pequeninos, Ofertando com amor a toda a Humanidade Esse pão divinal que é dos trigais divinos. Espalhemos a Fé, a Caridade e a Crença, Tenhamos a noss'alma em delubros de luz, E acharemos no fim da romaria imensa, O sol primaveril da graça de Jesus!

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