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Nascida no Complexo do Alemão, uma comunidade carioca de muita gente boa e funk melhor ainda, Marcelly Almoya tinha o sonho de ser cantora. Novinha, bem novinha ainda, ela para ir aos bailes, para curtir o batidão e aprender como é que se fazia. Em 2008, aos 16 anos de idade, seu sonho virou realidade, quando ela gravou e lançou a música “Coraçãozinho”. E o que veio em seguida foi só sucesso: “Uh aceita”, “Eu sou tudo”, “Bota com raiva”, Deixa arder” e o hit dos hits, “Bigode grosso”, cujo clipe oficial teve mais de 23 milhões de visualizações na rede.
Vida que segue e, no passado, Marcelly partia para sonhos maiores, apresentando na internet o reality show “De rolé com Marcelly”, feito para compartilhar sua rotina de rainha do funk com os fãs. Quando o mundo se deu conta, aquela menina que começara na humildade, tinha surpreendido a todos e vencido. E agora que cresceu ela é a “Dona da noite”, título de seu primeiro álbum, que a Universal Music põe na praça com faixas produzidas por um time só de artilheiros, composto por Dalto Max, Oscar Tintel, Bruno de Holanda, Rick Joe, Gustavinho DJ e Alex MPC.
A nova levada da Marcelly tá ali na cara de quem entra no disco, na faixa “Dona da noite”. “Cheguei e as inimigas vão ter que me aturar”, avisa ela, salvaguardada por poderosas batidas e linhas de sintetizador, em sua investida no mundo selvagem dos camarotes, dos celulares de última geração e dos selfies no Instagram. Depois, em “Arma secreta”, já lançada na internet, a menina descarrega mais munição, protegida pelo colete à prova de inveja e o batom da ironia: “Quando a vida desafia, minha potência se manifesta”. Em Marcelly, o recalque bate e volta – eis uma recomendação que ela faz questão de dar em “Tá feio demais”, funk de rimas certeiras, de sua autoria. “Eu não sou apadrinhada, mas me garanto no certo”, dispara Marcelly.
Em embalagem sonora luxuosa, pós-funk (aquela que tem tudo de bom do pop gringo sem perder a raiz neurótica do morro carioca), Marcelly canta com aquela segurança que alguns dirão que é marra, atrevimento – mas que é só mesmo para quem tem bigode grosso. E por falar no seu hit (outra das composições), ele está de volta em “Dona da noite” com todo requinte sonoro e classe de um churrasco regado a Amarula e Chandon. “Patente alta, dá aula, é bigode grosso”, lembra ela, agora com o todo o som de baile de 2015 a que a música tinha direito.
Com Marcelly não tem caô, só papo reto. Seja com o cara que espera um “Romance de novela” (“então não se apaixone, fica a dica”) ou em “Não se brinca com mulher” (“a vingança vai ser dura, faz ele chorar”). Os homens, coitados, não esses têm vez com as historinhas que contam. O “Plano perfeito” do malandrão que deu perdido na gata em plena sexta-feira, achando que ela ia engolir essa, tem um só desfecho: encontrá-la na festa dançando até o chão ao som do tamborzão. A falta de noção (em “Que cara mala”) e a imaturidade (em “Criança”), essas também não tem perdão.
Mas a armadura de Marcelly tem lá as suas brechas, como dá para perceber na balada romântica cheia de soul “Nasci pra te amar” e em “Não vale nada”, música sobre “a garota certa com o cara errado”. “Mesmo cheio de defeitos, me apaixonar só ele conseguiu”, admite, muito dona da noite e de si mesma, reconhecendo que à felicidade se chega mesmo por caminhos estranhos.
Nem toda a festa e romance, porém, deixou Marcelly esquecer das suas origens. E ela se esmera para dar o toque de realidade em “Roda gigante”, outro funk de sua autoria, com produção cascuda de Alex MPC: “Existir é fácil, o difícil é viver / com as voltas que o mundo dá, assim temos que aprender / tudo é uma roda gigante, aqui se faz aqui se paga / a mesma mão que aplaude, te cobra e também te mata”, versa ela. Na pracinha da comunidade, depois do baile, Marcelly chega à mais importante de suas conclusões: “O importante é nós tá vivo e junto ano que vem”. E, para fechar o disco, ela vem com a música “Menina do morro”, um agradecimento emocionado a todo mundo que a ajudou a chegar lá.
Porque agora é assim.