Mestre Quincas

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Cidade/EstadoRecife / PE
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João foi um pobre como nós e teve que suportar as maiores dificuldades numa terra seca e pobre, pelejou pela vida deste menino. Passou sem sentir pela infância, acostumou-se a pouco pão e muito suor. Na seca comia macambira, e bebia o sumo do xiquexique. Passava fome e quando não podiam mais, rezavam. E quando a reza não dava jeito eles se juntavam a um grupo de retirantes que iam tentar sobreviver no litoral. Humilhado. Derrotado. Cheio de saudade. E logo que tinha noticia da chuva, pegava o caminho de volta. Animava-se de novo, como se a esperança fosse uma planta que crescesse com a chuva, e quando revia sua terra dava graças a Deus por ser um sertanejo pobre, mas corajoso e cheio de fé!

(texto de Ariano Suassuna- Auto da Compadecida)

Mestre Quincas,

Ataguinam Joaquim nasceu na Ilha de Joaneiro em Santo Amaro, na cidade de Recife- PE. Neste contraste de belezas naturais desta cidade litorânea, conhecida internacionalmente como a Veneza Brasileira, que Ataguinam cresceu, assim como milhares de meninos de famílias pobres vindos do interior do estado fugindo da seca e da fome.

Humilhados as margens do mangue, e as margens da sociedade.

Filho mais velho entre os sete, de D. Isabel Maria e Severino Joaquim, passou sem sentir sua infância. Criado com fortes preceitos religiosos, de onde o único alimento era a fé, encontrou na música, na arte e na capoeira, o caminho para suas preces. Assim como se a esperança fosse uma planta que crescesse com a chuva, Ataguinam se fez homem, logo cedo, tendo que trabalhar para manter seus sonhos de vida!

E com esta sabedoria os 14 anos, decidiu comprar seu primeiro instrumento musical. Juntando todos os trocados que ganhava entre um serviço e outro que prestava na mercearia da sua tia, conseguiu comprar o seu primeiro instrumento. Uma sanfona!

E lá foi ele com a sanfona agarrada pelo braço, mostrar aos pais o que havia ganhado numa rifa. O bem da verdade, se lhe perguntassem de onde ele arrumou o dinheiro pra comprar tal instrumento, não acreditariam num menino franzino de pernas compridas, que havia juntado tudo quanto era vintém só pra ter a sua sanfona, que lhe foi vendido pelo pai de um amigo seu.

Ouvia os hinos religiosos, mas se deliciava aos acordes de Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Marinez, Jackson do Pandeiro, entre tantos outros nomes da cultura sertaneja nordestina.

E lá estava o menino e seu sonho com uma sanfona! Aprendeu a tocar sozinho, apenas ouvindo.

Depois de algum tempo, e passando da idade, decidiu que aquele instrumento era coisa de velho. Pois na adolescência, tudo que é bom tem que ser novo! Até o gosto musical passou a ser diferente. Mesmo assim, não perde suas raízes, e passa a ouvir MPN, Musica Popular Nordestina! Neste período da sua mudança de gosto musical ele ingressa na Policia Militar aos 19 anos.

Lembra que fez um furo no fundo do capacete onde encaixava o aparelho de radio por dentro. E enquanto estava de guarda ouvia as canções daquela época, pois era uma forma de sentir o tempo passar, mesmo debaixo de chuva ou de sol. Com o primeiro salário, comprou um violão. E foi a partir daí que surgiu o compositor.

Não tinha aptidão para a vida militar, e depois de quatro anos, decidiu sair e encontrar seu verdadeiro caminho nas artes.

Nem tudo seria fácil, assim como ainda não o é!

Mas Ataguinam, morando e trabalhando no bairro dos Coelhos, um local onde a juventude, esta sempre sendo levada a marginalidade com o trafico e consumo de drogas que se perde sem oportunidades.

Ataguinam passa a se chamar MESTRE QUINCAS!

Durante 4 anos ele fez com que os meninos da comunidade trocassem qualquer tentação de cair na criminalidade por cultura. Vários jovens entre 10 e 17 anos participaram do projeto. Usando a capoeira, a dança e a percussão como atrativo para persuadir os jovens, proporcionando conversas sobre sexo, drogas e cidadania. O objetivo específico era formar um grande grupo de dança e músicas regionais. Mas por falta de apoio o projeto não teve continuidade.

Mesmo assim, o MESTRE QUINCAS, nunca parou de compor suas canções, e entre um amor e outro, entre um dia e uma noite, e entre uma desilusão e outra, o mestre foi se formando na arte de ser um artista feito de carne e que vive pela honra!

E desta arte, forjado a ferro e fogo, que não tem o que aprender, apenas sentir, que suas canções falam do mais profundo sentimento de amor e de desprezo.

Nunca deixou de relatar em suas melodias o descaso que os governantes têm com os verdadeiros retirantes de sua terra, que ainda vivem as margens da sociedade nas margens do mangue do Rio Capibaribe.

Na musica, Direito Popular e Mundo Cão, o público é atraído para essas questões sociais.

Gravou seu 1º CD em Janeiro de 2002, intitulado MADE IN PERNAMBUCO, com responsabilidade e obrigação de mostrar que Pernambuco tem cultura de sobra para exportar. Por isso, a idéia da capa ser caixote e o título sugestivo, contendo músicas do nosso estado como maracatu, coco de roda, xote, pé-de-serra, frevo e ciranda.

Em suas apresentações já esteve ao lado de grandes nomes da musica como Maciel Melo, entre outros. Até uns cinco anos atrás procurou Arlindo dos Oito Baixos, porque queria aprender mais do dedilhado da sanfona, mas viu que já não tinha mais nada do que aprender, pois teve a benção do seu mestre.

MESTRE QUINCAS, entra em estúdio ainda este ano para a finalização do próximo CD que vai oferecer ao público uma repaginada nas canções de LUIZ GONZAGA, que neste ano, se estivesse entre os viventes, estaria completando 100 anos.

Não será um cd com canções regravadas do GONZAGÃO, mas sim, uma nova visão, com a mistura da cultura pernambucana, rica em musicalidade e as canções do REI DO BAIÃO!

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Ataguinam Joaquim

(81) 3024 - 4126 | (81) 9248 - 5599https://www.palcomp3.com.br/mestrequincas/